62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Das gafes às aforizações em política: questões teórico-analíticas |
Autor(es): | Mayara Victor Gomes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Aforização, Aforização, Política |
Resumo |
Neste projeto de Iniciação Científica, objetivamos analisar discursivamente "frases sem texto" (Maingueneau, 2012) que são dadas a circular pelos mais diferentes suportes midiáticos como gafes cometidas por diversos atores políticos. Para tanto, elegemos um arquivo constituído por um conjunto de 100 gafes produzidas por diferentes atores políticos e dadas a circular em diversas esferas de circulação midiática brasileiras na última década. Nossa investigação busca amparo teórico-metodológico nas contribuições do pesquisador francês Dominique Maingueneau, sobretudo, no seu programa de pesquisa acerca das "frases sem texto". Esse programa de pesquisa iniciado em 1984 (Grésillon & Maingueneau - Poliphonie, proverbe et détournement) e que culminou com a publicação do livro "Les phrases sans texte", Armand Colin, 2012, procura dar conta, de entre outras questões epistemológicas, de que o texto embora seja unidade básica de estudo para os linguísticas desde a década setenta do século passado, não está imune a questionamentos quando o que se investiga são as práticas discursivas da mídia, esfera de comunicação em que abundam enunciados curtos, geralmente constituídos de uma única frase e que circulam fora do texto. Maingueneau (2010) chama essas pequenas frases de "enunciados destacados", incluindo slogans, máximas, provérbios, títulos de artigos da imprensa, intertítulos, citações célebres. Com base no estudo desses enunciados destacados, que se pretendem fora dos co-textos de origem, Maingueneau (2010) propõe duas ordens de enunciação: a enunciação textualizante e a enunciação aforizante. A enunciação aforizante, por sua vez, se organiza em enunciação aforizante destacada por natureza e enunciação aforizante destacada de um texto. Elas se diferenciam da enunciação textualizante em vários aspectos: enquanto a enunciação textualizante ultrapassa a dimensão propriamente verbal, a aforizante pretende ser pura fala. Se a enunciação textualizante desfavorece a memorização, a aforizante "implica a utopia de uma fala viva sempre disponível" e repetível. Cremos que a pertinência teórica de nossa investigação está na possiblidade de por um lado, fazer avançar os estudos sobre as gafes no domínio dos estudos do discurso, até então pouco tratadas analiticamente no âmbito das reflexões discursivas e, por outro, contribuir com os estudos da comunicação social, buscando compreender até que ponto o destacamento e a circulação de gafes de atores políticos engendram determinados percursos de interpretação para os leitores. (Apoio: FAPESP - Processo 2013/17191-3) |