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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A autoria da obra “Auto da Compadecida” e sua relação com o folheto “O Testamento do Cachorro”
Autor(es): claudia garcia cavalcante. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave autoria, autoria, Ariano Suassuna
Resumo

Nesta comunicação, propomos uma reflexão acerca do conceito de autoria em Mikhail Bakhtin no que se refere à distinção entre autor-pessoa e autor-criador. Para tanto, nossa construção teórica parte dos textos O autor e a personagem na atividade estética [1924-27/ 2006] e O problema do conteúdo, do material e da forma na criação literária [1924/ 2010] em que o filósofo russo distingue autor-pessoa de autor-criador. A primeira distinção refere-se ao escritor, ao autor-empírico e a segunda, ao autor-criador, um constituinte do objeto estético, ou seja, o construtor do todo que se posiciona axiologicamente transpondo a realidade vivida, imersa em posições axiológicas, para o plano da obra, também atravessada por valores. O autor, no processo de escrita do seu texto (no ato ético), desloca-se do plano empírico (cadeia discursiva em que se insere como escritor) para o plano estético-discursivo, isto é, o discurso do autor-criador não é o discurso direto do autor-empírico (do escritor), mas um ato axiológico de deslocamento para o plano interior de um enunciado concreto. É essa “nova unidade axiológica” que constrói o autor, a consciência participante diretamente do evento. O autor-pessoa é um elemento constituinte do autor-criador, pois entre o ético e o estético não há abismo. A fim de corresponder aos propósitos de uma comunicação oral, dividimos a reflexão em dois momentos. O primeiro, de caráter teórico, fundamenta-se na concepção dialógica do discurso defendida por Bakhtin e membros do Círculo e concentra-se na leitura e interpretação dos textos acima citados. No segundo, o conceito de autoria orienta a leitura e a análise do folheto “O testamento do cachorro”, de Leandro Gomes de Barros [1909/ 1999] e sua relação com a peça teatral “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna [1955]. O folheto foi posto em cotejo com a peça para dialogarmos sobre a autoria de Suassuna em declarada livre inspiração de sua obra no texto de Barros, entre outros. Dessa forma, esse caminho metodológico-teórico que apresentamos nos permite compreender o conceito-chave autoria e sua implicação em uma análise discursiva, que aponta para relações dentro e fora do texto.