62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Objetivação e subjetivação na prática da psicografia: reflexões semióticas |
Autor(es): | Cintia Alves da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Semiótica, Semiótica, Psicografia |
Resumo |
Desde os seus primeiros registros, na França, em meados do século XIX, até os dias atuais, a psicografia ou escrita mediúnica sofreu modificações significativas tanto no que se refere à sua prática quanto aos objetos de que se serve para a sua execução. Inicialmente realizada por meio de “cestas de bico” (corbeilles) e pranchetas nas quais se podia prender um lápis, a psicografia passou, pouco tempo depois, a ser executada unicamente com o auxílio da mão de um “médium” – ou intermediário –, que empunhava diretamente o lápis na transmissão de supostas “mensagens do além”. Foi, pois, diante de fartas demonstrações dessa forma peculiar de escrita, praticada em saraus e reuniões familiares, à época, que o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail se sentiu desafiado a compreender os mecanismos da fenomenologia espírita. Sob o pseudônimo de Allan Kardec, lançou-se, assim, à observação, à descrição e à análise de manifestações mediúnicas diversas, das quais a psicografia, como ele denominara, era a principal, por constituir-se, entre todas as formas de comunicação, como “a mais simples, a mais cômoda e a mais completa”, bem como a faculdade que se pode mais facilmente “desenvolver pelo exercício”. Ao sujeito que a executava, Kardec chamou “psicógrafo” ou, simplesmente, “médium escrevente”. Enquanto prática fundadora da doutrina espírita, a partir da qual Kardec organizou as suas obras básicas, conhecidas como a “Codificação espírita”, a psicografia manteve o seu papel central como atividade legitimadora do referencial doutrinário espírita, difundindo-se amplamente no Brasil, a partir do século XX, principalmente através do trabalho de Francisco Cândido Xavier (1910-2002) – o médium Chico Xavier. Sob a perspectiva teórica da semiótica greimasiana e com base nas contribuições de Jacques Fontanille para o estudo das práticas semióticas, pretendemos, neste estudo, refletir sobre as implicações discursivas decorrentes das mudanças ocorridas nos objetos-suporte empregados durante a experiência da psicografia, isto é, da modificação da prática psicográfica pelo uso da cesta de bico, da prancheta ou da mão do médium – na escrita indireta –, enquanto objetos de “vazão” à prática mediúnica, e que acarretam, do ponto de vista semiótico, diferentes formas de objetivação e de subjetivação da prática psicográfica, pela associação ou dissociação entre o corpo sensível e o objeto de inscrição, na constituição de um “além-eu” (Apoio: Capes). |