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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: A enunciação na semiótica discursiva: um estudo historiográfico
Autor(es): Maria Goreti Silva Prado. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024
Palavra-chave semiótica, semiótica, historiografia
Resumo

Na semiótica francesa, ciência que surgiu na década de 1960, cujo fundador foi Algirdas Julien Greimas, o interesse pelos estudos enunciativos ocorreu somente após um aprofundado conhecimento da estrutura do enunciado. Primeiramente essas reflexões, que caracterizaram as décadas de 1970 e de 1980, destacaram as articulações internas do texto, sendo a enunciação definida como instância linguística pressuposta pelas marcas deixadas no próprio enunciado, e como instância de mediação entre as estruturas semionarrativas e discursivas. No final dos anos de 1980 e no limiar dos anos de 1990, momento conhecido como o início de uma nova fase dos estudos semióticos, as reflexões enunciativas focaram-se nas operações de discursivização, concebendo-se a enunciação não apenas como instância pressuposta pelo enunciado, mas em termos de interação entre o sujeito da enunciação e o objeto semiótico. Nessa fase, a ausência do mestre e a necessidade de revisão de certos pressupostos estruturalistas resultou na propagação de várias vertentes de desenvolvimento teórico lideradas por semioticistas como Eric Landowski, Jacques Fontanille, Claude Zilberberg, Jean-Claude Coquet, Denis Bertrand, entre outros. Fundamentando-se em métodos e princípios utilizados pela Historiografia linguística, principalmente nas reflexões de Konrad Koerner (1996), esse trabalho objetiva desenvolver um estudo historiográfico da enunciação na semiótica francesa. Para tanto, pretende refletir a respeito dos estudos enunciativos desenvolvidos pela semiótica discursiva, observando, investigando, descrevendo, explicando e reescrevendo as fases por que eles passaram. Segundo Koerner (1996), além do recurso da metalinguagem, isto é, da maneira como a teoria é descrita e apresentada aos pesquisadores do presente, três princípios metodológicos garantem a cientificidade de uma pesquisa historiografia. São eles: o princípio de contextualização, que diz respeito ao conhecimento do contexto histórico, cultural, social e político vigente à época em que a teoria se desenvolveu; o princípio de imanência referente às informações obtidas por meio de documentos que levam o pesquisador a compreender os fatos teóricos do passado, sem interferência das concepções atuais. Após determinado conceito ser localizado e compreendido no contexto histórico em que foi formulado e em que se desenvolveu, aplica-se o terceiro princípio, o da adequação teórica, que exige que o pesquisador compreenda o passado contido nos documentos e, cuidadosamente, o reinterprete sob o ponto de vista das novas tendências. Espera-se que essas reflexões contribuam para que futuros pesquisadores possam entender quais foram os estágios que constituíram o desenvolvimento dos estudos enunciativos na semiótica, tornando-os acessíveis ao leitor do presente.