62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | João Ribeiro: um modernista? |
Autor(es): | Christianne de Menezes Gally. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | João Ribeiro, João Ribeiro, Academia Brasileira de Letras |
Resumo |
A estilística é o estudo da expressão linguística. Para Bally (1951, p. 187), a Estilística estuda os “fatos da expressão da linguagem, organizada do ponto de vista do seu conteúdo afetivo, isto é, a expressão dos fatos da sensibilidade pela linguagem e a ação dos fatos da linguagem sobre a sensibilidade”. A análise estilística aqui proposta considera os procedimentos formais para interpretar determinado conteúdo, considerando as marcas de subjetividade presentes num determinado texto. O objetivo desta comunicação é mostrar a validade de uma hipótese de interpretação, apoiada em recursos linguísticos, partindo de uma problemática de interpretação do texto. O corpus é constituído pelo texto Na Academia, escrito por João Ribeiro e publicado em 01 de novembro de 1924 na Revista da Semana. A priori, o texto refere-se ao escândalo literário (e político), envolvendo Graça Aranha (que acreditava no movimento modernista) e a Academia Brasileira de Letras (que requeria para si o título de guardiã da imortalidade das letras no Brasil). Nele, João Ribeiro, então membro da ABL e considerado um dos filólogos mais conceituados naquele momento, além de defender a posição de Graça Aranha, solicita-lhe o perdão e seu consequente retorno à instituição da qual houvera se afastado. Concomitantemente, João Ribeiro explicita sua adesão ao espírito modernista e “prevê” a morte dos “imortais” por não aceitarem novas opiniões. Por ser um texto que explicita a subjetividade, a estilística da enunciação foi a mais apropriada para desenvolver a referida análise. A linguagem é sempre subjetiva, pois é sempre produzida por um falante que sente a necessidade, a conveniência, o desejo ou o prazer de dizer qualquer coisa. É no enunciado que as marcas dos vários elementos relacionados com a enunciação – situação, contexto sócio histórico, locutor, receptor, referente, tipos de discurso – estão presentes. Esses elementos só são apreendidos pelo receptor se ele atenta para a violação da relação de verdade entre o que o emissor diz literalmente e aquilo de que ele fala. (MARTINS, 2008, p.264). Este trabalho, porém, priorizou apenas as marcas da subjetividade para confirmar a hipótese de que João Ribeiro, ao apontar a morte da Academia, também requeria para si a posição dos modernistas ao lado de Graça Aranha. |