62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | "Foi Bôto, Sinhá": uma percepção bakhtiniana da canção brasileira |
Autor(es): | Patrick Paiva de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Bakhtin, Bakhtin, Gêneros do discurso |
Resumo |
O presente trabalho é integra um projeto de pesquisa denominado “Cantando causos: uma percepção bakhtiniana das canções de Waldemar Henrique” desenvolvido no PPG Linguística e Língua Portuguesa – FCL/UNESP – e se inspira numa pesquisa de Luciane de Paula (2010) denominada “A constituição intergenérica da canção: reflexões sobre diálogo, gênero e arquitetônica sob a égide do Círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov”. Nosso objeto de análise será a toada amazônica “Foi Bôto,Sinhá” composta em 1933. A canção integra uma série denominada “Lendas Amazônicas” que é constituída por onze canções para canto e piano inspiradas em motivos folclóricos e que foram produzidas entre 1933 e 1936. A música é de Waldemar Henrique (WH) (1905 – 1995) sobre versos do poeta Antônio Tavernard (1908 – 1936). Inspirado pelo projeto do nacionalismo musical eclodido na Semana de 22 e no Movimento Modernista, WH busca na pesquisa folclórica e nas tradições populares o material para o desenvolvimento de seus trabalhos. Suas canções são permeadas por manifestações regionais de cunho nortista e têm sido referência para compositores e intérpretes que, de alguma forma, vinculam-se à região amazônica, por isso, é considerado por muitos (tais como, Gilberto Mendes, Menotti del Picchia e Genesino Braga) a síntese do pensamento musical paraense. Nosso principal objetivo é compreender, sob a ótica da filosofia do Círculo de Bakhtin, a constituição da “canção brasileira” como gênero discursivo no início do século XX, e as diversas relações dialógicas que a compõem. A canção será, pois, entendia como um produto ideológico que; além de possuir, no mínimo, duas realidades materiais (verbal e musical; letra e música), reflete e refrata uma realidade exterior, isto é, é produzida pela interação de sujeitos, textos e discursos situados histórica e culturalmente. Nossa metodologia, dialético-dialógica, consistirá em compreender de modo descritivo, analítico e interpretativo as relações dialógicas constituintes do enunciado, verificando elementos linguísticos (verbais, não verbais e sincréticos) e translinguísticos que integram sua arquitetônica. Cremos que estudar um gênero como a canção exige daquele que o faz um trabalho múltiplo no sentido metodológico, uma vez que, sob o ponto de vista de sua materialização as diversas naturezas semióticas que a constituem são inseparáveis. Letra e música, gesto e entonação, palavra e ritmo realizam-se simultaneamente manifestando, pois, sua gênese e acabamento dialógico. |