62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Enunciação e categoria da pessoa : a identidade e o ser no mundo |
Autor(es): | Véronique Dahlet. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | enunciaçao, enunciaçao, identidade |
Resumo |
Essa contribuição visa esboçar o percurso de análise sobre a categoria da pessoa, na segunda metade do século 20, através do lingüista E. Benveniste (1966) e dos filósofos P. Ricoeur (1990) e J.-M. Ferry (1991). A categoria da pessoa, por referir à indivíduos do mundo, representa um dos componentes na língua que mais interessa a filosofia da linguagem. Emile Benveniste foi o primeiro a mostrar o seguinte paradoxo da língua : para remeter a si mesmo, isto é, para nos singularizarmos, a língua disponibiliza a forma a mais vazia possível : o eu. Com efeito, nas palavras de Benveniste, basta um individuo usar o pronome eu para que eu passe a ser, de elemento paradigmático que era, uma designação única e produza, a cada vez, uma pessoa nova. Assim, vou num primeiro momento lembrar os fundamentos da análise benvenistiana, a fim de mostrar como Paul Ricoeur retoma a categoria da pessoa, a partir da qual ele irá elaborar “uma teoria de si integrada à lingüística”, colocando a categoria da pessoa frente à questão da identidade. Para tanto, o autor estabelece uma distinção entre a “enquete referencial” (a 3a pessoa) e a “enquete reflexiva” (eu-tu), sabendo que uma dada pessoa circula da referencial para a reflexiva, e vice-versa. Daí, a investigação de P. Ricoeur quanto à interface categoria da pessoa e identidade, que é, no que lhe diz respeito, uma identidade narrativa. Já, com Jean-Marc Ferry, a categoria da pessoa é analisada no duplo âmbito da identidade e da pragmática, o que resulta numa reflexão baseada na inter-relação entre gramática e mundo. De que maneira se dá essa inter-relação? Na verdade, veremos aqui a teorização pela qual o autor, reforçando a noção de pragmática através da de “processo de entendimento”, constrói a primazia do espaço do “nós”deixando assim no segundo plano a focalização no eu e tu. |