62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Carta dos leitores: das estratégias de veridicção à construção do gênero |
Autor(es): | Matheus Nogueira Schwartzmann. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | Prática semiótica, Prática semiótica, Veridicção |
Resumo |
Tendo como base os pressupostos da teoria semiótica francesa, especialmente a teoria das práticas semióticas desenvolvida por Jacques Fontanille, o presente trabalho tem por objetivo analisar cartas dos leitores e editoriais (cartas aos leitores) de três revistas brasileiras de grande circulação (Época, Veja e Carta capital), buscando, de um lado, compreender o papel estratégico que desempenham nos veículos de comunicação, especialmente em relação aos regimes de persuasão os quais convocam e, de outro, caracterizar o seu funcionamento enquanto gênero. Do ponto de vista de seu papel estratégico, os valores e as formas de vida construídos no interior das cartas, aliados às estratégias de veridicção convocadas por essa prática epistolar, atuam tanto na construção dos efeitos de sentido de imparcialidade e autenticidade – atributos do discurso jornalístico – quanto no fortalecimento dos valores particulares de cada revista, apontando para um processo de assimilação entre as identidades dos leitores e dos editores. Do ponto de vista da caracterização do gênero, apresentamos, em um primeiro momento, a constituição dos tipos textuais e discursivos que organizam as cartas dos leitores e os editoriais, valendo-nos de dois conceitos-chave propostos por J. Fontanille em Sémiotique et littérature, de 1999: a coesão e a coerência genéricas. A coesão é um procedimento de ordem textual, relacionado à forma de segmentação e organização do plano da expressão; já a coerência, que é um procedimento de ordem discursiva, relaciona-se diretamente com as modalizações, os valores e as formas de avaliação do discurso. São esses dois fenômenos que, ao serem regulados pela congruência, procedimento responsável pelo efeito global de totalidade de sentido, dão forma a um determinado gênero. Em um segundo momento, partindo da proposta de hierarquização dos níveis de pertinência da análise semiótica, ultrapassamos a abordagem do nível do texto-enunciado, desdobrando assim o objeto-textual: as cartas dos leitores e os editorias passam a ser compreendidos como prática semiótica eficiente construída graças às relações que estabelece com outras práticas (a publicitária e a editorial, por exemplo) e com as coerções apresentadas pelo suporte de inscrição que, assim como os tipos textuais e discursivos, também constroem o gênero. |