62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Considerações sobre a constituição de corpus em análise do discurso |
Autor(es): | Jauranice Rodrigues Cavalcanti. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | percurso, percurso, fórmulas discursivas |
Resumo |
Ao refletir sobre a noção de formação discursiva – seu interesse e limitações – Maingueneau (2006) aponta as unidades com as quais um analista do discurso pode operar, a saber, as unidades tópicas e as unidades não tópicas. Nas primeiras, Maingueneau inclui as unidades territoriais, que correspondem a espaços pré-delineados pelas práticas verbais, como tipos de discurso (político, religioso etc.) e gêneros de discurso (panfleto, sermão etc.). O analista ressalta que a noção de tipo é heterogênea uma vez que se trata de um princípio de agrupamento de gêneros que pode corresponder a duas lógicas distintas: a de co-pertencimento a um mesmo aparelho institucional e a de dependência a um mesmo posicionamento. Ainda nas unidades territoriais se inserem as chamadas unidades transversas, aquelas que atravessam textos de múltiplos gêneros. Maingueneau as considera como registros, definidos a partir de critérios linguísticos, funcionais e comunicacionais. É interessante operar com a noção de formação discursiva, segundo ele, quando se trata de investigar as unidades não tópicas, ou seja, aquelas que são construídas pelo pesquisador independentemente de fronteiras preestabelecidas, agrupando “enunciados profundamente inscritos na história” (p.16). Maingueneau também inclui nas unidades não tópicas os percursos, isto é, redes de unidades de diversas ordens (lexicais, proposicionais, fragmentos de textos) que o pesquisador extrai do interdiscurso sem procurar construir espaços de coerência e/ou constituir totalidades. Atualmente, lembra o analista, a apreensão de percursos é facilitada pela existência de programas de informática. Há os percursos de tipo formal (um tipo de metáfora, por exemplo) e os fundados sobre materiais lexicais ou textuais (a retomada ou transformações de uma mesma fórmula ou as recontextualizações de um “mesmo”. O trabalho desenvolvido por Krieg-Planque (2003) é dado como exemplo de pesquisa que explora os percursos de uma fórmula (a de purificação étnica). Como podemos constatar, as reflexões de Maingueneau acerca da constituição de corpora são bastante relevantes, sobretudo se levarmos em conta que em nossa contemporaneidade é comum a circulação não de textos inteiros, mas de expressões e pequenas frases que, muitas vezes, assumem o papel de fórmulas discursivas. Para analisá-las, seria então interessante explorar sua circulação e dispersão em diferentes formações discursivas. Nesta comunicação, apresentaremos os resultados de uma pesquisa que objetivou investigar a produtividade da noção de percurso na constituição de corpora em Análise do Discurso. |