logo

Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: O funcionamento das construções com o operador argumentativo “mas” na fala de uma criança
Autor(es): Gisele Aparecida de Lima. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 27/07/2024
Palavra-chave Aquisição de Linguagem, Aquisição de Linguagem, Operadores argumentativos
Resumo

A teoria da Argumentação na Língua (ADL), desenvolvida por Ducrot e Anscombre, tem como núcleo a concepção de que a argumentação está NA língua, ou seja, a argumentação é diretamente determinada pela própria frase e não por elementos externos a ela.  Dessa concepção resulta, também, que certos morfemas da gramática funcionam como operadores argumentativos, determinando os encadeamentos possíveis dos enunciados. Um desses operadores, que foi objeto de análise em alguns trabalhos de Ducrot e colaboradores (1987, 1989, entre outros) é a partícula mas. Conforme esses estudos a principal característica desse operador é que ele coloca em relação dois argumentos que autorizam conclusões opostas. Assim em A mas B, temos que A orienta para uma conclusão r, enquanto B orienta para não-r; e que B é tomado como argumento de maior força. Nesse sentido, a partir desses conceitos e de noções que vêm do Interacionismo, proposto por Cláudia Lemos, este trabalho constitui-se como uma reflexão sobre as ocorrências de construções com o operador argumentativo mas na fala de uma criança, R, com idade entre 2 e 4 anos, buscando compreender como se dá o funcionamento desse operador em sua fala e que particularidades podem ser observadas em comparação a seu uso (do mas) na fala adulta. De maneira mais específica, as questões que norteiam este estudo são: Que argumentos são mobilizados pela criança e a que conclusões eles orientam? Na fala da criança o funcionamento deste operador argumentativo é semelhante ao seu funcionamento na fala adulta? De antemão, é possível afirmar que desde muito cedo a criança é capaz de mobilizar argumentos, ainda que próprios de seu universo, em favor de si própria ou que justifiquem suas ações.  Acreditamos que a emergência dessas construções revela um novo posicionamento da criança em relação à língua. Posição esta que lhe permite não apenas falar sobre as coisas do mundo, mas também construir argumentos, inscrevendo-se em sentidos estabilizados na sociedade e trazendo-os para o seu mundo infantil.