62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | A insustentável leveza do ser: a ambiguidade da vida, na arte |
Autor(es): | Aline do Prado Aleixo Soares. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Círculo de Bakhtin, Círculo de Bakhtin, A insustentável leveza do ser |
Resumo |
Com este painel, propomo-nos a apresentar parte dos resultados obtidos com a pesquisa de Iniciação Científica intitulada “A leveza e o peso, a alma e o corpo, a força e a fraqueza: relações de diálogo na compreensão de A insustentável leveza do ser”. A pesquisa em questão tem por objetivo chegar a uma (das possíveis) compreensão(ões) da arquitetônica do romance A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, a partir da análise e da interpretação de seis palavras-tema que constituem a base sobre a qual se constrói seu enredo, a saber: a leveza, o peso, a alma, o corpo, a força e a fraqueza. Com tal objetivo, delimitamos dezesseis capítulos do romance como corpus de pesquisa, de maneira que eles evidenciam as palavras-tema em suas relações de diálogo que permitem a construção do(s) sentido(s) do romance. Diante da proposta dessa pesquisa de caráter qualitativo e que segue o método analítico-descritivo, utilizamos como base para o nosso estudo as ideias filosóficas do Círculo de Bakhtin, no que concerne aos conceitos de diálogo (dialogia ou dialogismo), sujeito, signo ideológico, gênero discursivo e estética. Dado o caráter sociológico do método bakhtiniano, segundo proposto por Voloshinov, seguimos, na análise do corpus, o método chamado “dialógico-dialético”, que visa colocar em evidência as partes constituintes do objeto de análise e relacioná-los de maneira dialógica, de modo que se obtenha uma melhor compreensão do todo. Parte das conclusões a que chegamos com esta pesquisa nos permitem afirmar que o romance de Kundera tem a ambiguidade como parte constituinte de seu conteúdo, que é permeado por questões filosóficas acerca das dualidades presentes nas ideias da leveza e do peso, da alma e do corpo e da força e da fraqueza, questões inerentes não só ao romance, mas também à vida (com a qual o primeiro trava embate dialógico ao tomar forma estética). Tal ambiguidade se estende também à sua forma e ao seu estilo, uma vez que o discurso indireto livre se faz presente em grande parte do romance, colocando em foco, assim, a subjetividade de seu narrador onisciente, que impõe o seu discurso às personagens e as subjuga por meio dele, formulando teses com base em suas digressões atravessadas pelos temas do romance. Desta maneira, o romance, exatamente à maneira pensada pelo Círculo, em embate dialógico, atualiza os temas presentes na vida, com sua forma peculiar, em que a ambiguidade do conteúdo se integra à forma artística. |