logo

Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Bugre velho, flanar é preciso! - a cidade que habita a lírica de Manoel de Barros
Autor(es): Elanir França Carvalho. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 26/07/2024
Palavra-chave Manoel de Barros, Manoel de Barros, cidade
Resumo

É no Rio de Janeiro, em 1937, que Manoel de Barros (1916) surge na cena literária brasileira. O lançamento era Poemas concebidos sem pecado, quando ele contava apenas 21 anos de idade. Habitava a então capital federal desde os 11, enviado pela família para realizar estudos escolar e superior. Da estreia, seguiram-se Face imóvel, de 1942, e Poesias, de 1956. As obras são as três primeiras publicações de uma produção poética vasta, perpassando o século XX e alcançando o XXI, e ainda em franca atividade, saldando dezenas de títulos ao quadro das letras nacionais. Desse conjunto inicial, enfoque desse estudo, é possível pinçar uma característica bastante particular da composição da poética: a contingência da mudança de ambiente por que passara Manoel de Barros, da origem interiorana e rural de Mato Grosso à vida na metrópole do país. O dado biográfico, a vivência em dois espaços distintos, transpõe poética e persona lírica elaboradas. Não da mesma forma, por certo, ao longo de toda a produção. Mas o fato é que os dois ambientes configuram com evidência o recorte mencionado. Muito embora, nos estudos literários, lembre-se muito do poeta por sua ligação com o “chão pantaneiro”, Berta Waldman alerta que o autor não era “cego à vida das metrópoles”. De sua parte, o crítico Flávio Aguiar fez uma síntese: “homem rústico em meio à cidade. E vice-versa.” Nesse estudo, é o olhar do poeta voltado à cidade que interessa e se coloca em questão. Barros, que se declara de um “atavismo bugral”, elabora em sua poética um ser flâneur que vaga e devassa ruas, muros, labirintos, becos e figuras da metrópole e capital brasileira. É imprescindível lembrar quem primeiro insere o ambiente citadino na lírica moderna, Charles Baudelaire, autor lido e estimado por Barros. É do poeta francês, no século XIX, o legado desta emblemática figura da cidade, o flâneur. Consideradas as distâncias espaciais e temporais acerca do flâneur, busca-se realizar uma reflexão, a partir de discussões acerca desse símbolo da modernidade nas obras iniciais de Barros, focalizando alguns de seus poemas mais representativos desse corte. A base de discussão fundamenta-se nas reflexões de Walter Benjamin, realizadas acerca da obra de Baudelaire e da modernidade e suas referências.