62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Sujeitos, histórias e rótulos: a leitura e a escrita de crianças e jovens diagnosticados com dislexia |
Autor(es): | Laura Maria Mingotti Muller. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Neurolinguística Discursiva, Neurolinguística Discursiva, Patologização |
Resumo |
Apresentam-se os resultados da dissertação de mestrado “Sujeitos, histórias e rótulos: a leitura e a escrita de crianças e jovens diagnosticados com Dislexia”. A pesquisa teve como objetivo analisar o processo de aquisição e uso da leitura e da escrita de cinco crianças e jovens que receberam o diagnóstico de Dislexia acompanhadas longitudinalmente no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho) no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. A partir do encontro entre pesquisadora e sujeitos da pesquisa traçou-se a crítica ao diagnóstico, orientada pela perspectiva teórica e metodológica da Neurolinguística Discursiva (ND). Argumentou-se sobre o equívoco da concepção de leitura e escrita enquanto código, presente na definição, avaliação e tratamento de Dislexia. Ao mesmo tempo, por meio da análise de dados de leitura e escrita dos sujeitos acompanhados, desconstruiu-se o que foi visto como sintoma de Dislexia ao investigar as hipóteses que essas crianças e jovens constroem em seu processo de aquisição e uso da leitura e escrita. Em seguida, a crítica se concentrou na função e alcance que o diagnóstico exerce socialmente. Para isso, utilizou-se a interpretação dos diagnósticos como dispositivos (AGAMBEN, 2010) que capturam os sujeitos, orientam e determinam os discursos e o modo de agir da escola, da família e do próprio sujeito. Estrategicamente, o diagnóstico de Dislexia desloca para os corpos dos sujeitos questões sociais e desresponsabiliza a sociedade pelo crescente fracasso no ensino de leitura e escrita que vivemos hoje. O modo de funcionamento desse dispositivo é discutido pela análise dos dizeres dos sujeitos e de seus familiares sobre o diagnóstico e pela análise dos laudos de diagnóstico, dos dados escolares e de tratamentos a que alguns foram submetidos. Por fim, buscou-se dar visibilidade aos problemas encobertos pelos diagnósticos, investigando as dificuldades não patológicas que esses sujeitos apresentam. Para isso, discutiu-se o modo como esses sujeitos estão fracassando na escola, ora porque enfrentam dificuldades em entender o jogo pouco explícito dessa instituição, ora porque a família não tem conseguido, por diversas razões, ajudar os sujeitos, ora porque a escola, a leitura e a escrita não fazem sentido para eles. |