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Programação do 62º seminário do GEL


62º SEMINáRIO DO GEL - 2014
Título: Ironia e pessimismo em “Hamlet ou les suites de la piété filiale”, de Jules Laforgue
Autor(es): Andressa Cristina de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024
Palavra-chave Jules Laforgue, Jules Laforgue, ironia
Resumo

Na obra Moralités Légendaires, o poeta simbolista francês Jules Laforgue explora argumentos que pertencem a um fundo cultural proveniente da Antigüidade greco-latina, cristã ou de um patrimônio nacional, como é o caso de “Hamlet ou les suites de la piété filiale”. Nessa novela,   Laforgue parodia a tragédia shakespeariana, fazendo jogos de imitação e de translação, e transformando-a em uma narrativa de cunho paródico e poético, na qual Hamlet é incompreensível e lunático, no entanto mais decidido e pessimista que o de Shakespeare. Por conta das influências filosóficas que sofreu o autor, o Hamlet de Laforgue é um autor dramático, um homem de gênio literário, o filho de uma cigana que esquece seu dever sanguinário de vingar a morte de seu pai ao fugir com Kate, atriz de teatro. Recuando até o século XII, Jules Laforgue retoma os nomes das personagens da Historia Danica, do poeta latino Saxo Grammaticus, com a intenção, de um modo geral, de parodiar os intelectuais franceses de sua época, seus conterrâneos, simbolistas e decadentistas. Nesta moralidade, o poeta já cumpre seu duplo papel de revelar e anular. Dessa maneira, utilizando os nomes das personagens de Saxo Grammaticus e mantendo a história central que tomou em Shakespeare, Laforgue introduz alterações na trama de sua “moralité” por meio de uma verve irônica e da criação de um Hamlet-artista. Fazendo uma paródia irônica da decadência em voga, por meio dessa transformação tão legítima, ele põe em dúvida, de maneira bem moderna, a concepção do herói, mostrando o que este tem de literário, e não de vivido. Ele ironiza o Ennui, o mal do século XIX, por meio da filosofia pessimista de Schopenhauer e da filosofia do Inconsciente de Édouard Hartmman. Demonstraremos, aqui, por meio das teorias de Hutcheon (1978) de que forma seus procedimentos paródicos repousam na percepção do nada metafísico e de uma pluralidade psicológica que ameaça a autonomia do Eu – concepções que não existiam no tempo de Shakespeare. Veremos, também, de que forma o poeta mantém a intriga como secundária e a muda onde lhe parece melhor, com grande desenvoltura, ao inventar outras intrigas fantasistas e ao transformar essa paródia-tragédia em monólogo interior, dando o tom à moral irônica da novela.