62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | A memória de brincadeira: o dito e o não-dito nas brincadeiras de escola |
Autor(es): | Cidarley Grecco Fernandes Coelho. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | memória, memória, infância |
Resumo |
A sensação de se estar só é cada vez maior na medida em que os sujeitos se distanciam de seu passado. Com o propósito de não deixar se perder as memórias de infância, o projeto “Memórias do Futuro”, armazena, divulga e faz circular práticas e fazeres da infância, brincadeiras, jogos e dinâmicas do universo lúdico infantil de outrora, em um discurso de preservação da infância e do direito de brincar e para isto o projeto utiliza tecnologias móveis. Uma análise do site do projeto em questão mostra a relação destes sujeitos com o uso dos aparatos de registro, tais como celulares e filmadoras, destas práticas educativas que geralmente se dão na escola e também em comunidades. No discurso sobre a tecnologia no “Memórias do futuro”, estes registros trazem um não-dito, através de implícitos, e um apagamento significado pelo silêncio, pois não há relação entre a criança brincante, o seu objeto de brincadeira e o uso de ferramentas das chamadas novas tecnologias da informação e comunicação, havendo contudo o seu uso pelos adultos, na reprodução, armazenamento, circulação do arquivo, e também por adolescentes que cumprem uma espécie de função multiplicadora das brincadeiras, aprendendo com os mais velhos, no caso educadores, e repassando aos mais novos. Ao se pensar este apagamento sob a perspectiva da Análise de Discurso, como nos ensina ORLANDI (1993), estabelece-se uma relação de sentido, na materialidade do silêncio, através do que é dito e principalmente do não-dito. Diante da necessidade do uso cada vez mais intenso dos recursos tecnológicos atualmente disponíveis, preconizados por políticas públicas de incentivo ao uso de tecnologias ditas inovadoras na escola, o discurso que circula no âmbito escolar, e fora dele, produz o sentido do quão inviável é o educar sem estes recursos; e a constituição destes sujeitos se dá na contradição dos sentidos destes discursos – o do uso da tecnologia e o da preservação da infância – , pelo funcionamento ideológico, filiados à memória discursiva de um certo brincar. |