62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Derivando “cause to die” a partir de “kill” |
Autor(es): | Alex de Britto Rodrigues. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 21/11/2024 |
Palavra-chave | Léxico, Léxico, Primitivos semânticos |
Resumo |
Em seu artigo “Three Reasons for not Deriving ‘Kill’ from ‘Cause to Die’”, Fodor (1970) apresenta argumentos contra o tipo de decomposição demonstrada em 2 a partir de 1, em que “cause to die” é derivado de “kill”:
Esse tipo de decomposição, sugerida por Lakoff (1965 apud Fodor, 1970) e defendida por outros autores posteriormente (cf. DOWTY, 1979; JACKENDOFF, 1983; 1990), não seria viável, segundo Fodor, pelos motivos que seguem. Primeiro, se “cause to die” fosse derivado de “kill”, sendo 2 uma paráfrase de 1, então, como 1a e 1b são gramaticais, 2a e 2b também deveriam ser. Não é o que ocorre, revelando que 2 não é uma paráfrase perfeita de 1: 1a. John caused Bill to die and it surprised me that he did so. 1b. John caused Mary to die and it surprised me that she did so. 2a. John killed Mary and it surprised me that he did so. 2b. *John killed Mary and it surprised me that she did so. Segundo, as duas sentenças teriam diferenças (1 e 2) em relação ao escopo temporal. Por fim, como terceiro argumento, a sentença com “cause to die” resulta em ambiguidade, o que não ocorre com a sentença contendo “kill”. Esses argumentos estão coerentes com o programa teórico de Fodor (cf. 2003) em que conceitos como os expressos em “kill” são átomos não decomponíveis. Por outro lado, autores como Jackendoff (1983; 1990) e Pietroski (2003) defendem decomposições similares à criticada por Fodor. Jackendoff (1990, p. 37-38), justifica a assimetria entre “cause to die” e “kill” por ser falsa ideia, na qual Fodor baseia sua crítica, de que as composições lexicais e sintagmáticas são uniformes; sendo essa ideia falsa, tudo o que Fodor (1970; 1980) teria mostrado é que os princípios de (de)composição léxico-conceitual não são totalmente idênticos aos da composição sintagmático-conceitual. Já Pietroski (2003) justifica esse tipo de decomposição baseando-se em dois programas teóricos: a semântica de eventos e o programa minimalista. Em suma, o autor decompõe verbos causativos de modo a utilizar um verbo abstrato escondido (“hidden verb”) que não é realizado, mas licencia um argumento agente. Esse argumento faz parte de uma estrutura responsável pela “causa” do evento. Na linha da perspectiva desses dois autores, justificaremos algumas decomposições lexicais tendo como base empírica as associações semânticas promovidas por anáforas associavas. |