62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Sobre o processo de construção de interações conversacionais democráticas em sala de aula |
Autor(es): | Giovanna Wrubel. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Análise da Conversação, Análise da Conversação, Relações de poder |
Resumo |
O presente trabalho analisa a linguagem utilizada pelos interlocutores de uma sala de aula, tanto sob o ponto de vista do educador, como sob o ponto de vista do linguista, já que acreditamos na íntima correlação entre as práticas linguísticas/discursivas e as práticas pedagógicas que são produzidas em meio escolar. Stubbs (1983), todavia, ressalta que poucas pesquisas na área de educação, paradoxalmente, têm se baseado na observação direta e na gravação do processo de ensino como ele acontece realmente, na sala de aula, já que, por um longo período, acreditava-se que o processo educacional poderia ser explicado pela observação dos determinantes externos do sucesso ou falha educacionais. Dessa forma, acreditando que a análise de amostras de conversações reais em sala de aula forneça a base para o entendimento do jogo interacional que permeia o processo ensino/aprendizagem, pretendemos, neste trabalho, verificar mais profundamente uma das facetas deste jogo — a da relação de poder que se estabelece neste meio — visando a compreender em que medida esta relação ora favorece, ora prejudica o processo educacional. Cabe ao professor determinar se na aula a ser ministrada será garantido um espaço de atuação/manifestação aos seus alunos (diminuindo, desta forma, o grau de assimetria na interação). Por outro lado, não são raras as vezes em que o professor evita que o poder da fala seja compartilhado com os alunos, optando por ministrar uma aula predominantemente expositiva ou, até mesmo, servindo-se de um discurso autoritário, com o intuito de manter o controle sobre as interações conversacionais que ocorrem na sala de aula. Assim, o principal objetivo deste trabalho é a identificação das características de interações conversacionais entre professor e seus alunos em sala de aula que concorrem para o estabelecimento de uma relação de poder em tal interação linguística. Nesse sentido, fatores como o movimento de ameaça e preservação das faces entre os interlocutores, a assimetria na interação e a cortesia verbal (ou a ausência desse recurso) são identificados em gravações em áudio de cinco aulas de uma mesma classe do primeiro ano do Ensino Médio, pertencente a uma escola pública da cidade de São Paulo. As cinco aulas mencionadas foram transcritas posteriormente à gravação em áudio. Partimos da hipótese de que esforços do docente, no sentido de atenuar a assimetria existente nesta relação, promovem uma interação linguística mais democrática e menos autoritária em sala de aula, incrementando o próprio processo de aprendizagem dos educandos. |