62º SEMINáRIO DO GEL - 2014 | |
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Título: | Axiologização: avaliadores adjetivais e sua função argumentativo/persuasiva em artigo de opinião |
Autor(es): | Eloísa Oliveira Lima. In: SEMINÁRIO DO GEL, 62 , 2014, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2014. Acesso em: 23/11/2024 |
Palavra-chave | Golpe Militar,axiologia,discurso |
Resumo |
Neste trabalho, pretende-se analisar, utilizando a teoria da Linguística Textual, a
Análise de Discurso de linha francesa e, ainda, alguns conceitos da Filosofia do
Direito, o efeito de sentido produzido pelos avaliadores adjetivais em texto de
opinião sobre o Golpe de 64. Em 31 de março de 2004, o Golpe Militar de 64
completou 40 anos e, como não poderia deixar de ser, vários jornais e revistas
publicaram uma série de textos alusivos ao tema. Um desses textos, de autoria do
General reformado Carlos de Meira Mattos, é objeto de nosso estudo. A escolha
das categorias gramaticais é responsável pela introdução das opiniões nos textos,
seja mediante o emprego de um determinado verbo, seja mediante a
nominalização, construções adverbiais ou ainda determinados sinais de pontuação,
sem falar nos inúmeros recursos lingüísticos que podem ser utilizados para dar um
direcionamento ao texto. Aqui, nossa atenção se volta para o emprego dos
adjetivos axiológicos empregados no artigo. A axiologia, que tem extensão na ética
e na estética, trata dos valores positivos e negativos, procurando analisar os
princípios que permitem considerar que algo/alguém é ou não valioso. A partir
dessa noção, observou-se como a categoria gramatical “adjetivo” foi empregada
no artigo tanto em momentos em que a “voz” do General Meira Matos estava em
evidência, quanto nos momentos em que outros discursos eram trazidos ao texto
para reforçar suas idéias sobre o Golpe. O valor é sempre bipolar, porque a um
valor sempre se contrapõe um desvalor. Dessa forma, valores positivos e
negativos se conflitam e se implicam em processo dialético. Em nosso estudo,
observamos que alguns adjetivos são utilizados várias vezes e, embora sua forma
garanta sua unicidade, seus sentidos são diferentes, dependendo do espaço
discursivo que se instaura na enunciação. Assim, o autor vai tecendo uma rede de
sentidos valorando o Golpe Militar positivamente, auxiliado pelas vozes de
jornalistas, políticos e colegas militares trazidas ao texto para dar sustentação ao
seu próprio discurso. Da mesma forma, avalia o governo de João Goulart de forma
negativa, associando a ele acontecimentos também negativos. Essa bipolaridade
estabelecida pela utilização dos avaliadores adjetivais garante a orientação
argumentativa pretendida pelo autor. |