Resumo |
Os discursos sobre a tecnologia em geral e sobre o uso das TIC (Tecnologias de
Informação e Comunicação) nos ambientes escolares têm se intensificado dia a
dia, e isso pode se justificar, em grande parte, pela popularização da internet.
Entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos que pode mediar os
processos informacionais e comunicacionais, as TIC têm sido vistas como
possibilidade de criação de novas condições de ensino e de aprendizagem. Nos
caminhos para uma “nova” educação, desde os PCNs de 1998, as diferentes
formas da comunicação midiática vêm sendo inseridas nas escolas, como
recursos para o ensino, tornando-se desafios tanto para professores quanto para
alunos. Diante deste atual contexto, o presente trabalho tem como proposta
investigar os discursos de professores sobre o modo como a tecnologia tem
afetado as práticas educativas, a partir dos pressupostos teóricos e analíticos da
Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD). Para cumprir esse
objetivo, nossa reflexão terá como corpus de pesquisa as produções escritas de
professores do Ensino Fundamental de uma Escola Municipal da cidade de
Ribeirão Corrente, Estado de São Paulo, acerca dos discursos sobre a tecnologia
e suas condições de produção. O discurso, de acordo com Orlandi (2001), é o
lugar em que se pode observar essa relação entre a língua e a ideologia,
compreendendo-se como a língua produz sentidos por/para os sujeitos.
Buscaremos, desse modo, analisar os processos de significação dos discursos em
relação à tecnologia e compreender, via interpretação, seus efeitos de sentido,
que são importantes não somente porque circulam no cotidiano dos professores
e alunos, mas porque se configuram como prescritos para a atividade de trabalho
dos professores. Uma análise preliminar do corpus, uma vez que a pesquisa se
encontra em andamento, aponta para relações dissimétricas entre professores e
alunos no que se refere ao domínio e ao uso de tais tecnologias, posto que os
estudantes podem ser considerados “nativos digitais” (ROJO, 2013, p.8),
enquanto a maioria dos professores teve seu processo de letramento em suportes
de papel. |