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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Reinterpretação do padrão silábico do léxico usado em textos da língua portuguesa. Uma abordagem quantitativa
Autor(es): Waldemar Ferreira Netto, Vitria Regina Spanghero. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave slaba, lxico, fonologia
Resumo

Clements e Keyser (1999) propuseram uma tipologia linguística baseada em padrões silábicos. Partiram de duas regras — (a) apague o segmento C inicial da sílaba e (b) insira o segmento C final na sílaba —, aplicadas  ao padrão universal CV. A partir dessa aplicação, estabelecem quatro tipos linguísticos: (1) só CV, (2) CV e V, (3) CV e CVC e (4) CV, V, CVC e V. O tipo 1 rejeita as duas regras (a) e (b), o tipo 2 aceita apenas a regra (a), o tipo 3, apenas a regra (b) e o tipo 4 aceita ambas as regras. Os autores dão exemplos de aplicação dessa tipologia para várias línguas. A língua portuguesa pode ser tomada como de tipo 4 (Ferreira Netto, 2011). Neste ensaio, propomos  argumentos que permitam discutir essa interpretação do português como língua de tipo 4, para reinterpretá-lo como língua de tipo 3. Fizemos um levantamento de 62 textos escritos e/ou transcritos, considerando os itens lexicais a partir da proposta de Peirce (1906) que faz a diferença entre type e token. Os textos foram analisados tanto a partir dos padrões silábicos presentes em ocorrências lexicais (token), quanto em listas de palavras não lematizadas (type) dos mesmos textos simultaneamente. Evitamos as lematizações, uma vez que poderiam estabelecer um viés inadequado sobretudo aos verbos, sempre padronizados no infinitivo. A análise quantitativa mostrou que os padrões silábicos CV (56%), V (22%)   e CVC (13%) são os únicos que ocorrem com frequência média maior do que 5%. A comparação dessas frequências médias pelo teste de correlação de Pearson, considerando os vocábulos por número de sílabas, mostrou que há uma correlação inversa entre CV e V conforme há o aumento do número de sílabas do item lexical (r2= -0,95; p<0,05).  Ocorre que em monossílabos a frequência é próxima entre os padrões CV e V, mas, conforme aumenta o número de sílabas, cai o número de V e aumenta o número de CV. A frequência média do padrão CVC permanece sempre a mesma. Entendemos que isso indique uma tendência do português para uma língua do tipo 3, que evita supressão de ataque. CLEMENTS, G.; KEYSER, S. J. CV Phonology. A generative theory of the syllable. Cambridge: The MIT Press, 1999. FERREIRA NETTO, W. Introdução à fonologia da língua portuguesa. 2.ed. São Paulo: Paulistana, 2011. PEIRCE, C. S. Prolegomena to an apology to pragmaticism. The Monist, v. 16, n. 4, p. 492-546, 1906.