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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O dialogismo bakhtiniano no marketing eleitoral: a festa no jingle
Autor(es): Aline Camila Lenharo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave dialogismo, intertextualidade, marketing eleitoral
Resumo

Este trabalho propõe a análise da adoção da música  A Festa  (composta por Anderson Cunha e interpretada por Ivete Sangalo) como base para a produção de um dos  jingles  da campanha eleitoral de Aécio Neves, buscando determinar a influência que a escolha dessa música pode ter exercido sobre os resultados da eleição para Presidente do Brasil, em 2014. Parte-se do pressuposto estabelecido pelo Círculo Bakhtiniano, que considera que a compreensão de um enunciado engloba a leitura dos aspectos semânticos não reiteráveis do signo linguístico em si, resultando da contextualização de sua produção e sua recepção, isto é, do dialogismo entre o dito e o já-dito e da interação sociocultural que envolve a tomada de posições axiológicas. Na interação social entre falantes de determinada comunidade linguística, nenhuma mensagem emitida pelo Falante é neutra: há, em qualquer enunciado, um objetivo, uma finalidade – tal como incentivar a execução de uma ação, exprimir uma emoção, estabelecer contato com outro indivíduo, propagar determinado conteúdo, etc. – e, ao mesmo tempo, a expressão de um posicionamento social valorativo, uma ideologia. No  marketing  eleitoral, o objetivo da comunicação é informar e persuadir o eleitor a votar e trabalhar para eleger determinado candidato. Neste trabalho, defende-se que a ‘incompreensão’ da intertextualidade adotada na campanha do candidato – entre a música original (“Que vai rolar a festa, vai rolar! O povo do gueto mandou avisar”) e o  jingle  (“Agora é Aécio, vamos lá! É o Brasil inteiro querendo mudar”) – pode ter influenciado negativamente nos resultados da eleição, levando-o a sua derrota frente à reeleição de Dilma Rousseff. Considerando que um dos artifícios empregados nas campanhas eleitorais dos candidatos concorrentes (mesmo que de modo velado) foi tentar desconstruir a imagem de Aécio Neves (atribuindo a ele a imagem de boêmio, fanfarrão) e que as vozes sociais que perpassam a comunicação fornecem um caráter dialógico à linguagem, não teria sido um erro estratégico desconsiderar a refração do signo e os horizontes sociais de valor empregando uma música de base que, embora muito popular, pode ter valorado negativamente a campanha? Afinal, boemia e fanfarrice não estão relacionadas à Festa? Em outras palavras, o  jingle  não pode ter contribuído, mesmo que de modo inconsciente, para tirar a seriedade da personalidade do candidato? Enfim, através de uma análise fundamentada nos conceitos bakhtinianos e das reflexões dela oriundas, espera-se ponderar sobre a importância da escolha dos enunciados empregados no  marketing  eleitoral.