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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: PARA UMA ESTÉTICA PECHEUTIANA: SENTIDOS ERRANTES NUM CORPO QUE DANÇA.
Autor(es): Joo Flvio de Almeida. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Corpo, Dana, Esttica da arte
Resumo

O que é “arte”? Desde Platão esta continua a ser uma investigação muito complexa. Qualquer dança é arte? Qualquer filme, qualquer música enfim, constitui-se arte? Durante séculos a ideia de arte se remeteu somente à destreza que trabalhos manuais apresentassem. Um artista estava mais para um artesão fabril que para um poeta, e assim pouca discussão havia sobre suas particularidades. Somente no século XVIII a estética da arte alcançou autonomia, consequência da ruptura da arte com o artesanato fabril. Desde então diversos artistas se legitimaram enquanto tal, e dezenas de pensadores se lançaram à filosofia da arte.

O objetivo desta pesquisa é investigar Michel Pêcheux enquanto esteta, ou seja, buscar em seus textos por elementos que permitam analisar e delinear as artes. Para Hegel, a constituição de uma Teoria Estética a partir de um autor pressupõe estabelecer conceitos que possam ser aplicados igualmente a diversas formas de artes; assim, convém à Estética Pecheutiana corresponder a conceitos ao mesmo tempo unitários, mas que respeitem as diferenças de cada manifestação artística.

Pêcheux, em “A língua Inatingível”, aborda a questão da linguagem poética e nos dá substrato teórico para a constituição desta Estética Pecheutiana. Ele argumenta que a linguagem humana é uma, mas pode ser usada pelo cientista, pelo poeta e pelo louco. Partindo dessa premissa Pêcheux apresenta uma escala gradativa de oposição entre a linguagem científica (diurna) e a linguagem poética (noturna), onde a arte tende para o instável e errante por oposição ao científico, que tende para o lógico e assertivo.

Nesta apresentação será discutida, à luz da Estética Pecheutiana, a materialidade artística “dança”, observando sua constituição discursiva enquanto Arte. Na dança, o corpo significa, e não se pode pensar o sujeito sem o corpo e o corpo sem o sujeito e os sentidos. São os gestos do corpo que materializam a dança e produzem efeitos de sentidos; desenham uma linguagem noturna repleta de ambiguidades. A dança “está entre o gesto e o não-gesto. Indecididos” (ORLANDI, 2011). Para tanto, tomaremos como corpus de análise uma das cenas de dança do filme Amor, Sublime Amor, de Robert Wise (1961).  Nele buscaremos pela opacidade da linguagem presente em tais movimentos ritmados, dotando de opacidade o próprio corpo que, na dança, faz irromper sentidos do sem-sentido, mas sentidos ambíguos de uma linguagem noturna, instável e errante.