63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | A DISCURSIVIDADE SOBRE O AMOR MEDIADO PELA TECNOLOGIA NO FILME I'M A CYBORG, BUT THAT'S OK |
Autor(es): | Jonathan Raphael Bertassi da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | cinema, amor, cibercultura |
Resumo |
Nesta pesquisa, visamos analisar, interpretar e compreender os efeitos de sentido sobre o amor interpelado ideologicamente nas condições de produção da cibercultura. Na contemporaneidade, tal como se observa no longa-metragem sul-coreano I'm A Cyborg, But That's Ok (Ssa-i-bo-geu-ji-man-gwen-chan-a, 2006), dirigido pelo cineasta Chan-Wook Park, o sujeito na contemporaneidade é afetado pela tecnologia em várias regiões de sentido, inclusive naquelas relacionadas ao afeto e mesmo num contexto socialmente isolado e supostamente ‘off-line’ como aquele no qual a trama do filme se desenrola. Para compreender a discursividade sobre amor e cibercultura no longa, mobilizamos o arcabouço teórico e metodológico a Análise do Discurso (AD) de filiação francesa, sobretudo nos postulados teorizados por Michel Pêcheux e os autores que compartilha(va)m a preocupação em observar o discurso como processo imbricado numa rede de múltiplas significações, ao invés de se limitar a perceber o sentido como um produto pronto e acabado a ser extraído pelos leitores. Tal como descreve Bell, a cibercultura tem muitas histórias nos interessando, sobretudo, a história política e a história simbólica, em especial esta por nos remeter às narrativas da/sobre a cibercultura na arte. O corpo, por sinal, é um dos conceitos em movência na era da cibercultura. No âmbito da Análise do Discurso, o trabalho de Dias (2008) questiona como se dá a inscrição de alternativas corpográficas na língua na era no chamado internetês, como no uso de “emoticons” que dão fluidez e abertura ao sistema da língua, afetando assim o modo mesmo da constituição do sujeito nas suas relações afetivas. Acrescentamos aqui que a cibercultura, com o acontecimento que marca as novas relações entre afeto, linguagem e tecnologia, não marca só a textualização do corpo na letra; o mundo hiper-quantificado e hiper-racionalista descrito por Lemos e Lévy como origem da cibercultura também fazem o outro caminho, o da máquina personificada em corpo, mudando as relações afetivas entre as pessoas. Nesse sentido, o manifesto teórico de Donna Haraway (2013) sobre os ciborgues e a ressignificação dos corpos e do amor a partir da pós-modernidade também nos auxilia a interpretar o discurso do longa sul-coreano, numa espécie de contraponto ao “amor líquido” voltado ao consumo previsto na obra de autores como o polonês Zygmunt Bauman (2001). (Apoio FAPESP 2013/14759-9.) |