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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Sujeito e memória: das relações impelidas pela tecnologia
Autor(es): Daiana de Oliveira Faria. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Sujeito, Memria, Filtros
Resumo

Com o estofo teórico da Análise do Discurso de linha francesa, propomos refletir sobre os movimentos peculiares de interpelação do sujeito na contemporaneidade, em particular, promovidos pelas técnicas de personalização de conteúdos na pesquisa Google. Partimos do pressuposto de que o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia para que se produza o dizer. Isso é o que chamamos de sujeito do discurso, uma vez que ao dizer, o sujeito significa em condições determinadas. Com base nisso e considerando as condições de produção, temos um funcionamento de individuação desse sujeito pelo Estado, que nos mostra uma forma-sujeito histórica, a forma-sujeito capitalista à da sociedade atual (ORLANDI, 2005). Movimentos de interpelação do indivíduo em sujeito podem ser observados nos discursos religiosos, jurídicos, lógicos. Partindo do movimento de individuação do sujeito pelas leis e passando para a individuação provocada pelos mecanismos lógicos, podemos tocar nos processos sobre o qual temos nos debruçado: o movimento de captura e inscrição do sujeito promovido pelos algoritmos, pelos códigos. Traçando um paralelo, metaforicamente, o Estado individua o sujeito por meio do jurídico, dando-lhe uma identidade, a tecnologia, em particular a Internet, individua o sujeito pela máquina que dá acesso. Inferimos que no contexto atual, o poder de individuação do Estado é ruído pelo poder de individuação da tecnologia que atribui ao sujeito outros modos de individuação: login; endereço IP; perfil na rede com várias características personalizadas; perfis nas redes; etc. Segundo ORLANDI (2005), a individuação pelas leis já representava um assujeitamento menos visível, na medida em que se preserva a ideia de autonomia, liberdade individual. Hoje, podemos falar de um movimento de individuação do sujeito pela tecnologia (DIAS, 2008) que preserva ainda mais o ideário de liberdade, controle e privacidade quando, na verdade, tal valores são cada mais deturpados com o funcionamento dos algoritmos de personalização de conteúdos. Pelo funcionamento específico dos filtros, podemos observar os dois momentos do processo de constituição do sujeito: a interpelação e individuação. Interpelação pelo trabalho atuante da ideologia pelo qual o sujeito se depara com sentidos dominantes que giram em torno da obviedade para aquele sujeito. E individuação na medida em que, dado o funcionamento das técnicas de personalização, as regiões de sentidos atualizadas na tela condizem com um perfil prévio criado para aquele sujeito. A partir do exposto, tecemos reflexões sobre o sujeito e sua relação com a memória e o arquivo, perpassada pela tecnologia (PROCESSO FAPESP Nº 2012/22303-2).