Programação do 63º seminário do GEL

A Pedagogia dos Multiletramentos (THE NEW LONDON GROUP, 1996, 2000) e o termo Currículo Transformativo (COPE e KALANTZSIS, 2004) - cunhado por dois dos principai autores do The New London Group - têm sido temas de publicações recentes de linguistas aplicados brasileiros, implícita e explicitamente (ALMEIDA e SILVA, 2011; BEVILACQUA, 2013; ROJO, 2012, 2013; ROJO e BARBOSA, 2015), com o objetivo de entender estas teorias e de refletir acerca de suas influências no contexto educacional brasileiro, já que propõem um aprendizado por meio do conceito de design/projetos de maneira consciente, sistemática e explícita através de uma estrutura eficiente e de objetivos orientados. Essa aprendizagem se dá por níveis de unidades coerentes e completas e por peças curriculares constituídas por corpos de conhecimento, disciplinas de pensar e domínios de prática e da ação.  Um modo de verificar essas influências é analisar propostas curriculares das redes de ensino do Brasil que, por sua vez, têm como tradição o “Estado-pedagogo” (LESSARD, 2008 apud LITRON, 2014, p. 44) que sistematiza, por meio dos currículos, o trabalho dos professores e dos gestores escolares a fim de deixar marcas políticas. Além disso, as propostas curriculares têm “norteado, de maneira escancarada ou muitas vezes sutilmente velada, os objetivos e as prioridades do ensino de línguas” (RAJAGOPALAN, 2013, p. 145). Pensando na necessidade de “voltar os nossos pensamentos para o mundo que estamos vendo, vivendo” (RAJAGOPALAN, 2011 apud MILLER, 2013, p. 99) de uma maneira situada e focada em aperfeiçoamentos em busca de um resultado útil à sociedade, o objetivo deste trabalho é examinar o Currículo em Movimento dos Anos Finais do Ensino Fundamental do Distrito Federal (BRASÍLIA, 2013) referente ao ensino de Língua Portuguesa à luz do currículo Transformativo e da Pedagogia dos Multiletramentos a fim de verificar as possíveis influências e nuances dessas teorias neste documento oficial. A justificativa para a escolha do objeto de estudo baseia-se no histórico de reformas curriculares da rede pública do Distrito Federal (2000, 2002, 2008 e 2010) e na afirmação de que esta proposta foi, de acordo com os seus pressupostos teóricos, debatida de 2011 a 2013 pelos profissionais da secretaria de educação do Distrito Federal e pelos professores da rede (BRASÍLIA, 2013, p. 18-19). Os resultados desta análise documental crítica sugerem que há semelhanças entre as teorias e o que é posto na proposta curricular do Distrito Federal, mas não há garantias de afirmação nas salas de aulas.