63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
---|---|
Título: | Cláusulas relativas: sintaxe versus prosódia |
Autor(es): | Violeta Virginia Rodrigues. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Relativas, Prosdia, Desgarramento |
Resumo |
Partindo do princípio de que, no âmbito sintático, as cláusulas relativas restritivas são encaixadas a um constituinte da cláusula nuclear apresentando, portanto, um grau maior de dependência em relação a este, e de que as não restritivas, embora se vinculem a um núcleo nominal, tem um grau menor de encaixamento, porque não são constituintes deste, propomos a associação do pressuposto prosódico ao sintático, a fim de analisarmos as cláusulas relativas desgarradas. Assim, com base em Decat (2011), investigaremos, neste trabalho, o comportamento das relativas que ocorrem isoladas como enunciado independente ou de “maneira solta”, sem vínculo com a cláusula nuclear, fenômeno que a autora denominou de desgarramento. Nossa hipótese é que não haveria nenhum índice de segmentação na fronteira sintática entre a restritiva posposta e a cláusula nuclear, ao passo que entre esta e a não restritiva (posposta ou intercalada à nuclear) haveria uma marca de ruptura, podendo ocorrer o mesmo com as desgarradas, ainda não estudadas com relação a esse aspecto. Pretendemos, à luz dos pressupostos teóricos do Funcionalismo encontrados nos trabalhos de Chafe (1980), Souza (2009) e Decat (2011) e, ainda, utilizando os princípios da Fonologia Entoacional, encontrados em Pierrehumbert (1980) e Ladd (1996), e da Fonologia Prosódica, encontrados em Nespor e Vogel (1994) e Frota (2000), comparar o comportamento das relativas desgarradas com o das não desgarradas. A análise instrumental será realizada no programa computacional PRAAT, a fim de que se verifique o comportamento dos parâmetros prosódicos em toda a extensão dos sintagmas entoacionais (I) dos quais as cláusulas fazem parte. Analisam-se, no corpus Roteiro de Cinema (www.roteirodecinema.com.br), ocorrências de cláusulas relativas que se materializam linguisticamente na modalidade escrita do português do Brasil como estruturas de desgarramento. Segundo Souza (2009), o principal índice de segmentação seria um tom ascendente para as não restritivas antes da fronteira sintática entre essa cláusula relativa e a nuclear, sejam elas pospostas ou intercaladas. Já as restritivas, quando pospostas, formariam um todo melódico com sua respectiva cláusula núcleo, em decorrência do encaixamento, não havendo, portanto, tom de juntura na fronteira sintática entre essas duas cláusulas. Já as restritivas intercaladas apresentariam uma ruptura no final da relativa, antes da continuação da cláusula nuclear. Com base nas constatações de Souza (2009), é que acreditamos que nas relativas desgarradas essa ruptura será ainda maior. |