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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Os verbos de movimento no PB
Autor(es): Letcia Lucinda Meirelles. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Semntica Lexical, estrutura argumental, verbos de movimento
Resumo

Levin e Rappaport (1992) e Jackendoff (1990) dividem os verbos de movimento basicamente em dois tipos: verbos que expressam a direção do movimento, como ir e verbos que expressam a maneira como ocorre o movimento, como balançar. Para os verbos de modo de movimento, Jackendoff (1990) propõe uma representação lexical com a função MOVE, enquanto os de trajetória são representados através da função  GO. No entanto, há trabalhos como o de Eschenbach, Tschander, Habel e Kulik (2000) e Godoy (2012) que invertem o uso dessas funções. Diante disso, o nosso objetivo é estudar os verbos de movimento no português brasileiro (PB) tendo em mente quatro objetivos específicos: agrupá-los em classes semânticas, fornecer a estrutura semântico-lexical de cada classe através da linguagem de decomposição de predicados primitivos, fazer um estudo sobre os metapredicados primitivos MOVE e GO, com o intuito de averiguarmos se ambos são realmente necessários na representação semântica desses verbos e, por fim, tentar determinar quando esses metapredicados devem estar presentes na estrutura semântico-lexical dos verbos. Para tanto, coletamos, através do dicionário de Borba (1990), 143 verbos que descrevem o movimento de uma entidade, podendo haver ou não a presença de uma trajetória. São verbos como, afastar, balançar, correr, empoleirar, ir, lançar e ultrapassar. Concluímos que a propriedade semântica movimento não é relevante para a divisão dos verbos em classes (assim como já havia apontado Levin e Rappaport, 1992) e que ambos os predicados MOVE e GO são necessários para a representação dos verbos de movimento do PB, devendo estar presentes na estrutura semântico-lexical dos mesmos apenas quando esses não apresentam nenhuma outra propriedade semântica ou sintática que seja comum a outros verbos que não são de movimento. Por fim, mostramos que os 143 verbos analisados  pertencem a 7  classes distintas: classe dos verbos de mudança de estado locativo, como empoleirar (Cançado, Godoy e Amaral, 2013); classe dos verbos de mudança de estado opcionalmente volitivos, como afastar (Cançado, Godoy e Amaral, 2013), classe dos verbos do tipo correr (Amaral, 2013); classe dos verbos do tipo ultrapassar (Cançado, Amaral e Meirelles, em prep.); classe dos verbos de modo de movimento, como balançar (Amaral, 2010, 2015);  classe dos verbos do tipo lançar, para os quais propomos a estrutura [X DO <EVENT> OF Y]; e classe dos verbos que denotam a maneira de se locomover em uma trajetória, como ir,  para os quais propomos a representação: [X GO<MANNER> PATH].