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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O terceiro-tradutor nas relações dialógicas: um olhar bakhtiniano
Autor(es): Luciene Novais Mazza. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Relaes dialgicas, Mikhail Bakhtin, Traduo
Resumo

Os elementos linguísticos podem ser estudados numa perspectiva dialógica se esses forem convertidos em “vozes sociais” com foco na linguagem ou no discurso. Nesse sentido, Bakhtin (2011) argumenta que o discurso adquire um autor específico, podendo ser um portador coletivo na figura de um povo, de uma nação, ou de um grupo social. Nessa perspectiva, a palavra torna-se interindividual, ou seja, não apenas ao autor pertencem os direitos autorais de qualquer palavra, mas também aos ouvintes e àqueles que previamente já a utilizaram. Pode-se assim considerar que “a palavra é um drama do qual participam três personagens (não é um dueto mais um trio)”. Essa tríade é percebida na relação entre o autor, os enunciados dos outros, e o objeto; objeto que os sujeitos do discurso ora concordam, ora discutem, ora se defrontam. Não existem palavras sem voz, isto é, palavras de ninguém, cada palavra é portadora de vozes sejam elas incógnitas, sejam elas de longas distâncias ou muito próximas, coincidindo-se simultaneamente. Desse modo, mesmo estando distantes ou próximos um dos outros, os enunciados quando em contato descobrem os sentidos comuns que carregam entre si através de características peculiares, identitárias ou temáticas. Ademais, a julgar pelos embates e desacordos, a concordância é um fator importante nas relações dialógicas, porquanto a completude do enunciado demanda uma compreensão responsiva que pode incluir um pesquisador, um entendedor, um observador, ou um tradutor. Todos eles integralizam o sistema dialógico, porém não podem estar de fora do mundo pesquisado ou observado, pois as suas próprias compreensões são elementos dialógicos. Sob a óptica bakhtiniana o entendedor é um terceiro no diálogo. Nessa dinâmica, o objetivo principal da nossa comunicação é discutir, à luz das ideais de Bakhtin, a posição do tradutor como sujeito constituinte da realização e intenção do texto como enunciado na comunicação discursiva, quer dizer, o sujeito que reproduz o texto (do outro) e cria um texto emoldurador que comenta, avalia, objeta, etc. a partir de exemplares de documentos de especialidade traduzidos para a língua inglesa por tradutores de diferentes localidades do mundo. O embasamento teórico deste trabalho é constituído pelo conjunto da obra do Círculo de Bakhtin, em particular, os pensamentos apresentados na coletânea póstuma de artigos e fragmentos compilada e publicada por editores russos em 1979 com o título Estetika Sloviésnova Tvórtchestva, e traduzida diretamente do original russo por Paulo Bezerra sob o título Estética da Criação Verbal.