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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Com ou sem compromisso: formas de vida de uma garota que (quase) pode ser o que quiser... e ser feliz!
Autor(es): Amanda Cristina Martins Raiz. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Formas de vida, Relacionamento amoroso, Revista Atrevida
Resumo

Notamos que as matérias sobre comportamento da revista Atrevida têm como cerne a exposição de temas voltados aos relacionamentos amorosos. Com base nisso, percebemos que, nos dias de hoje, são duas as maneiras de se comportar e se relacionar com um parceiro do sexo oposto: o namorar e o “ficar”. A partir da análise do texto da propaganda publicitária de produtos d’O Boticário, marca brasileira de cosméticos veiculada no ano de 2007, o intuito da comunicação deste trabalho é voltado para a demonstração de como o enunciador figurativizou os lexemas /namorar/ e /ficar/. Além disso, também pretendemos apontar como está configurada a construção da isotopia temática da liberdade de escolha que conforma a forma de vida do simulacro do ator “garota atrevida”. O sujeito moça da publicidade dos produtos d’O Boticário experiencia um êxtase de liberdade que eles lhe facultam, figurativizado pelo enunciado “Você pode ser o que quiser”. Na primeira cena enunciativa, a figurativização metonímica de seu ombro, contendo o antropônimo Daniel tatuado, demonstra uma prática característica de adolescentes dos anos 2000: o compromisso de namoro era selado por uma tatuagem do nome do parceiro feita em uma parte do corpo. Contudo, na segunda cena enunciativa, vemos a tatuagem inicial daquele antropônimo revestida pelo desenho de um galho com flores e folhas, e isso corresponde à figurativização do término do relacionamento amoroso dessa moça. Culturalmente, acredita-se que isso acarreta um estado de tristeza e infelicidade. No entanto, o texto publicitário analisado revelou para nós a face da moça escancarando um belo sorriso. Parece-nos que o sujeito moça da publicidade usou os produtos d’O Boticário e está, então, modalizado pelo sentir, ou seja, ele reflete o bem-estar que o produto viabiliza e potencializa. Além disso, demonstra em seu próprio corpo a admissão da liberdade de escolha para ser o que quiser, isto é, ser feliz. Discutimos a interpretação da publicidade analisada tendo como balizas teóricas os estudos greimasianos acerca do belo gesto e das formas de vida, os estudos sociossemióticos de Eric Landowski quanto ao regime de presença e ao contato estésico, e os estudos de Claude Zilberberg no tocante ao acontecimento.