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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Ideologia, Signo e Materialismo Histórico
Autor(es): Ana Zandwais. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Lngua, Signo, Ideologia
Resumo

Os legados da obra de Valentin Volochinov, produzida no contexto soviético, entre os anos 1920-1930, ainda que sejam cada vez mais conhecidos por pesquisadores nos contextos europeus e latino-americanos, carecem de muitas reflexões. Sua contribuição para os estudos da linguagem sob uma ótica materialista é inegável, sobretudo por desenvolver uma concepção anti-positivista de signo que desafiou as bases dos estudos lingüísticos no início do sec. XX. Neste estudo, desenvolvido a partir do Projeto ‘História das Idéias: diálogos entre linguagem, cultura e história,’ no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS, nosso objetivo consiste em abordar, fundamentalmente, as questões que seguem. Em primeiro lugar, daremos destaque à noção de língua proposta por Volochinov, através da qual o autor retoma em ‘Chto Takoe Yazik’ (‘O Que é a Língua e a Linguagem’, 2009) as leituras de Friedrich Engels em torno da natureza e das condições de surgimento da linguagem, opondo-se às concepções comparatistas do sec. XIX, às concepções filológicas que centraram sua atenção somente na palavra escrita, bem como às concepções sistêmicas, produzidas no início do sec. XX, na Europa, que cindiram as relações entre produto e processo, entre o social e o individual. Na sequência, buscaremos refletir sobre as relações entre signo e valor, que permitem a Volochinov inscrever o signo nos domínios da ideologia, a partir de uma ótica genuinamente dialética. Ao tratar da noção de signo ideológico, o autor extrapola as reflexões sistêmicas e positivistas sobre a questão da significação, na medida em que sua visão antiessencialista permite que compreendamos as diferenças qualitativas entre o valor meramente utilitário do signo e os valores que este passa a adquirir ao inscrever-se em uma determinada ordem histórico-simbólica. Desde esta ótica, Volochinov penetra no terreno da dialética, ultrapassando uma visão mecanicista de significação e, ao mesmo tempo, buscando mostrar que a relação entre sentido e ideologia, ainda que estribada no plano das estruturas formais de uma língua, não pode restringir-se a este, necessitando, portanto, inscrever-se em domínios externos, tratar da linguagem verbal e não-verbal, tomando como pressupostos, notadamente, as condições históricas de produção do signo.