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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Usos parentéticos de verbos de atividade mental no português brasileiro
Autor(es): Solange de Carvalho Fortilli. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Gramaticalizao, Subjetivizao, Verbos de atividade mental
Resumo

O uso atual de verbos de atividade mental no português brasileiro vem revelando mudanças. Formas como admitir, acreditar, calcular, compreender, considerar, crer, entender, ignorar, imaginar e outros têm como função prototípica a de predicado, sendo comumente complementados por orações, especificamente, orações subordinadas substantivas com função de objeto direto. As orações subordinadas substantivas são conhecidas por permitirem a expressão de um posicionamento do falante diante do que é dito e, no caso de ter como matriz um verbo de atividade mental, relacionam-se ao grau de comprometimento do Falante em relação à informação dada. Entretanto, outra configuração sintática vem sendo notada em expressões que envolvem verbos dessa natureza: aquela em que o verbo aparece parentetizado, como um adendo à oração, embora ainda escopando-a como um todo. É que ocorre em “Não achei, admito, graça alguma em sofrer com meu time.” (Folha de São Paulo. 25/08/2014). Assumimos que a ocorrência apresentada mantém alguma relação com a estrutura “Admito que não achei graça alguma em sofrer com meu time”, a qual seria a forma canônica de emprego do verbo admitir. O percurso que leva predicados a atuarem como parentéticos é identificado com o fenômeno da Gramaticalização (Traugott, 1989). O uso assertivo desses verbos desdobra-se no uso parentetizado, em um processo de ganho de subjetividade, fenômeno também importante dentro dos quadros da Gramaticalização. É objetivo deste trabalho investigar a relação entre tais enunciados, partindo da hipótese de que suas condições sintáticas, semânticas e pragmáticas darão conta de responder até onde se interseccionam esses usos dos verbos de atividade mental. Fatores como frequência, posição no enunciado, aspectos verbais envolvidos (finitude, tempo, modo), aspectos semânticos relacionados à natureza desses verbos, bem como dados sociointeracionais das circunstâncias em que se produzem tais sentenças poderão explicar tanto a vinculação de predicados matrizes de orações subordinadas substantivas com o fenômeno da parentetização como as condições linguísticas e interacionais que permitem empregar uma forma ou outra.