63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | 'Cultura' no singular: circulação e produção dos sentidos em materiais instrucionais de português brasileiro como língua estrangeira |
Autor(es): | Helena Maria Boschi da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024 |
Palavra-chave | cultura brasileira, comunidades discursivas, portugus para estrangeiros |
Resumo |
Este trabalho propõe um estudo dos sentidos atribuídos a “cultura brasileira” pelos materiais instrucionais de Português Língua Estrangeira de uma perspectiva teórica que considera sua configuração editorial em sua relação com a cibercultura (LEMOS, 2005; SALGADO, 2013), fonte de grande parte dos conteúdos que os constituem e que é, segundo nossa hipótese de trabalho, organizadora de práticas – editoriais, didáticas, de leitura e congêneres. No quadro da análise do discurso de tradição francesa, trata-se de pensar o aprendizado de uma língua segunda como suscitado pela produção de sentidos que se institui no contato do aluno estrangeiro com esses materiais, o que implica considerá-los como dispositivos históricos, que constroem e estabilizam imaginários acerca do português brasileiro e do Brasil. Definimos como córpus um conjunto recente de livros didáticos, Brasil Intercultural: língua e cultura brasileira para estrangeiros (MOREIRA; BARBOSA; CASTRO, 2013), lançado na Argentina, e as unidades de aula de português brasileiro propostas pelo Portal de Ensino do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE – IILP, 2013). Procuramos observar em que medida a noção de comunidade discursiva, que consideramos ser explicativa do funcionamento que articula língua e cultura na ordem do discurso, contribui para investigar como se materializam nesses dispositivos aspectos da heterogeneidade semântica que caracteriza a pluralidade constitutiva de uma cultura. Uma leitura inicial do material nos leva a fazer a hipótese de que, enquanto nas unidades do portal os temas tendem a ser mais diversos e abordados por meio de enunciados de comunidades discursivas variadas, indiciando, por vezes, um engajamento no sentido de desconstruir estereótipos associados ao Brasil, nos livros se dá o processo inverso: a menor disponibilidade de espaço e a dificuldade econômica imposta pelo acesso a conteúdos protegidos por direitos autorais favorece a construção de imaginários. Nosso objetivo, assim, é contribuir com uma reflexão sobre a relação do material linguístico com o extralinguístico suscitada pelos meios e os materiais em que se inscreve, com foco nas práticas de textualização e nos indícios da heterogeneidade constitutiva de dispositivos que se supõe, tradicionalmente, serem representativos de uma identidade “consensuada” de língua e de país. |