63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | As contribuições da Sociolinguística para o ensino de português na educação básica: relação entre teoria e prática. |
Autor(es): | Jos Roberto Prezotto Jnior. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Sociolingustica educacional , Ensino de lngua materna, Variao lingustica |
Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo discutir as contribuições da Sociolinguística para o ensino de língua materna na Educação Básica (ensino fundamental e médio), à luz de alguns preceitos teóricos da pedagogia culturalmente sensível (ERICKSON, 1987), visando o questionamento e a reflexão sobre o que se pretende com o ensino de gramática nas aulas de português nas escolas. Isso posto, propõe-se identificar as diferenças de tratamento das abordagens tradicional e linguística para o ensino de língua materna, buscando mostrar primeiramente que não podemos concebê-lo como sinônimo de ensino de gramática, pois existem inúmeros aspectos teóricos, práticos, políticos e principalmente sociais atinentes ao ensino de português, que ultrapassam os limites do ensino de gramática. Por conseguinte, objetiva-se mostrar que não devemos restringir o ensino de gramática ao ensino restrito de regras e normas gramaticais da comunidade urbana de prestígio, sob o risco de propagar em sala de aula a ideia de que o jeito “diversificado” de falar dos alunos constitui um “erro”, ao invés de simplesmente classificá-lo como mais uma variedade linguística (muitas vezes estigmatizada na cultura letrada). Assim, entendendo a variação linguística como parte do processo de constituição da identidade social do sujeito, que se distribui no contínuo urbanização, oralidade-letramento e monitoração estilística (BORTONI-RICARDO, 2005), cabe ao professor, ao se deparar com uma situação de heterogenia, levantar o perfil sociolinguístico de seu aluno, identificar seus antecedentes socio-linguístico-culturais, e organizar as suas atividades didáticas a partir desse contexto. Como conseqüência, o que se espera, conforme aponta Bortoni-Ricardo (2005), é que esse procedimento ampliará a competência comunicativa do educando (HYMES, 1972), dando-lhe subsídios para que possa compreender e reconhecer o sistema de regras da língua, independentemente das variedades de prestígio ou estigmatizadas, acarretando à monitoração de seu estilo. Em suma, o intuito deste trabalho é mostrar, conforme se discute na sociolinguística voltada para o ensino, que considerar apenas a ideologia da norma-padrão e da variedade urbana de prestígio, como bem mostram Bagno (2007, 2013) e Bortoni-Ricardo (2004, 2005), não é suficiente para explicar o funcionamento da língua como um todo ou não representa, em sua totalidade, a diversidade linguística dos alunos em sala de aula. |