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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Memória e afetividade em Vermelho Amargo, de Bartolomeu Campos de Queirós
Autor(es): Eliane Soares de Lima. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave literatura, enunciao, afetividade
Resumo

Vencedor do prêmio São Paulo de Literatura em 2012, Bartolomeu Campos de Queirós revisita a própria infância na narrativa Vermelho Amargo. Numa perspectiva autobiográfica, o autor apresenta a história do menino que, depois de perder a mãe, passa os dias a conviver com a lembrança que ela deixou pela casa e que torna ainda mais difícil a presença e a rejeição da madrasta, o alcoolismo do pai e a neurose dos irmãos. Dando maior ênfase aos estados de alma do que aos estados de coisas, os acontecimentos em si, a delicada prosa poética de Bartolomeu, em contraste com a dureza do conteúdo narrado, traz à cena toda a sensibilidade da experiência (re)vivida, toda a afetividade que marca o então rememorado e o agora da narração. Discretizam-se, na configuração discursiva das memórias trazidas à tona, as funções do observador e do narrador, produzindo o efeito de um diálogo entre a apreensão sensível do menino de outrora e a apreensão inteligível do adulto que agora busca traduzir em palavras e em imagens as sensações e sentimentos recordados. Assim, nossa proposta é justamente – à semelhança do que fez Discini em seu artigo “Um algoritmo da percepção: o sujeito do afeto”, publicado no livro A abordagem dos afetos na semiótica (MARCHEZAN; CORTINA; BAQUIÃO, 2011) – demonstrar, de um lado, como se apresenta na narrativa essa discretização das duas instâncias viabilizadoras da construção discursiva, e, de outro, o modo como elas, no interior da estrutura memorialística de Vermelho Amargo, interagem. A partir daí, interessa examinar os efeitos de sentido passionais criados e o modo como eles convocam a afetividade do enunciatário-leitor. Para isso, utilizaremos o ponto de vista teórico-metodológico oferecido pela semiótica discursiva sobre a problemática dos actantes discursivos narrador e observador, e também, nessa mesma perspectiva teórica, os apontamentos feitos por Mariana Luz Pessoa de Barros sobre o discurso autobiográfico (Tese de Doutorado, FFLCH-USP, 2011).