63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | O percurso de um acontecimento discursivo a polêmica em torno da dislexia |
Autor(es): | Patrcia Aparecida de Aquino. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | acontecimento discursivo, falta, dislexia |
Resumo |
Este trabalho corresponde a uma parte do nosso doutorado, no qual analisamos, sob a luz da análise do discurso polêmico (Maingueneau, 1984), o embate em torno da dislexia, no qual há dois posicionamentos em confronto, que chamamos de E e M: o E, constituído predominantemente por educadores e linguistas que negam a existência desse “suposto distúrbio de aprendizagem” e criticam seus opositores por tratarem como patológicas características que devem ser consideradas normais, e o M, constituído predominantemente por médicos, fonoaudiólogos e psicopedagogos que afirmam que dificuldades de leitura e escrita de crianças são sintomas da dislexia. Neste trabalho específico, temos o objetivo de analisar o percurso histórico dessa polêmica. O primeiro registro do termo “dislexia” aparece no livro “Wortblindheit (Dyslexie)” do médico Berlin, em 1887, que, depois de analisar adultos acometidos pela repentina perda da capacidade de ler, definiu tal caso clínico como um tipo específico de cegueira verbal. Essa “dislexia” que, segundo Berlin, acometia adultos e era provocada por lesão ou exposição a agente tóxico não é alvo de questionamentos; a polêmica incide sobre a (não) aceitação de que essa mesma condição seja atribuída a crianças e adolescentes, como fizeram Morgan, em 1896, e Hinshelwood, em 1917, que propuseram a existência de uma “cegueira verbal congênita”, posteriormente chamada “dislexia específica de evolução”, a atual “dislexia”. As análises indicam que a polêmica entre E e M decorre, conforme propõe Maingueneau (op.cit), de uma falta inerente ao discurso primeiro, no caso, o M, e essa falta consiste na ausência do rigor científico, explicitada no interior de um dos textos considerados fundadores, de Hinshelwood. Nossa busca pelas primeiras ocorrências de “dislexia” e pela origem da polêmica não se resume a um interesse pelos primeiros registros da palavra ou de determinado enunciado; ao confrontar os primeiros enunciados aos que encontramos recentemente, pretendemos identificar acontecimentos discursivos (compreendidos conforme Possenti, 2009) e analisar em que medida se materializa uma memória discursiva. (Apoio: FAPESP – Processo 2013/009985-0) |