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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O medo em campanha: percursos do olhar na construção dos sentidos
Autor(es): LUCIANA CARMONA GARCIA MANZANO. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Anlise do Discurso, discurso poltico, televiso
Resumo

Os discursos contemporâneos  constituem-se, muito frequentemente, de uma materialidade sincrética que articula o verbal e o não verbal na produção de sentidos. Um dos postulados essenciais da AD, abordado tanto por Michel Pêcheux como por Michel Foucault, propõe que o dizer não é livre, tampouco individual, mas determinado por coerções históricas, sociais e culturais. Retomando algumas reflexões de Foucault, é possível compreender também que, assim como o dizer, o olhar tampouco é livre ou individual; ele é coagido histórica, social e culturalmente. Ainda que haja um apelo enorme às imagens que se observam na produção discursiva contemporânea, nossa sociedade se vale de uma comunicação mista, composta por imagens quase sempre acompanhadas de linguagem verbal; e, na atualidade, as imagens passaram a ocupar um espaço mais ampliado. Essa ampliação intensifica a velocidade da leitura e instaura um efeito de aprofundamento da interpretação, atualizando o imaginário social de que “uma imagem vale mais que mil palavras”.  Esta apresentação que propõe a  coordenação da sessão busca conceituar uma ordem do olhar que estabelece e rege o que pode/deve ser inserido em um regime de visibilidade, mas também aquilo que se torna invisível, mas que convoca um imaginário de completude e hipervisibilidade. Assim, a ordem do olhar rege, igualmente, o visível e o invisível. Como objeto de análise lançamos mão de programas de campanha presidencial  veiculados pelo Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral e trazemos, para esta ocasião, uma transmissão do programa do candidato José Serra, da campanha eleitoral de 2002, que coloca em circulação efeitos de sentido que instauram o medo a partir  uma espécie de dispositivo de arquivo  que constrói, ao mesmo tempo, uma identidade para o partido adversário e seus representantes, e cria o efeito do medo.  Esse dispositivo estabelece um perfil determinado ao partido,  a partir do qual  se constrói o medo, na esteira de  um imaginário social que associa o medo à atuação militante da oposição.