63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Educação linguística e multiculturalismo: elementos centrais de projetos de internacionalização |
Autor(es): | Ana Ceclia Cossi Bizon . In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | educao lingustica , multiculturalismo , internacionalizao |
Resumo |
Com os processos recentes de globalização (SANTOS, 1995; MIGNOLO, 2000; SANTOS, 2000) reinventando as noções de distância, espaço-tempo e territórios, torna-se impossível compreender as novas bases sociais desconsiderando a complexidade dos diversos atravessamentos. No âmbito universitário, crescem os intercâmbios estudantis, na esteira do processo de internacionalização imposto, e o impacto desse processo, tanto para conveniados, quanto para a comunidade em questão dependerá de seus propósitos político-ideológicos. Afiliando-se à Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006) e aos estudos poscolonialistas (SANTOS, 1995; BHABHA, 1998), este trabalho, de cunho etnográfico, objetiva problematizar a importância de os projetos de internacionalização de nossas universidades promoverem políticas de inserção do Outro e das diferenças de forma culturalmente sensível, havendo investimento em uma formação de professores de línguas com base em uma educação linguística ampliada (CAVALCANTI, 2013). Para tanto, focalizo narrativas de estudantes congoleses do Programa Convênio-Estudantes de Graduação (PEC-G), política pública do Estado brasileiro que se apresenta com o objetivo de fortalecer relações culturais e econômicas com países periféricos, o que se configuraria, numa sociedade transpassada por uma globalização neoliberal, como traços de uma globalização alternativa (SANTOS, 1995), trazendo para o centro outras vozes que não as do norte. Tais narrativas tematizam e performatizam a experiência de ser um estudante PEC-G em face de ações, práticas discursivas e artefatos culturais em circulação no contexto universitário e do que isso implica em termos de respeito e reconhecimento das diferenças e do multiculturalismo ou da inter/transculturalidade (KRAMSCH, 1996; MAHER, 2007). O corpus é constituído por áudio-gravações de interações em aulas de português L2 e conversas informais com estudantes e responsáveis pelo convênio. Para a análise, apoio-me principalmente nos conceitos de performatividade (BUTLER, 1990) e des(re)territorialização (DELEUZE & GUATTARI, 1980; HAESBAERT, 2004), bem como em preceitos teóricos das sociologias das ausências e das emergências (SANTOS, 2002). A análise indicou que os estudantes conceberam o PEC-G como um instrumento que promove reterritorializações precárias e vivências marcadas por preconceitos e não pertencimento decorrentes de visões verticalizadas acerca dos atravessamentos multiculturais e linguísticos inerentes à mobilidade. As narrativas apontam a necessidade de os projetos de internacionalização se comprometerem com a promoção de uma educação linguística ampliada que considere, inclusive, seu entorno (MAHER, 2007). Com isso, numa matriz de ecologia de reconhecimentos (SANTOS, 2002), seria possível pensar em (re)territorializações mais solidárias e éticas e no papel do Brasil como agente de uma globalização contra-hegemônica que promova horizontalidades. |