logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: “BIÉ, BIÉ, BRASIL”, ou “BYE, BYE”, “MILAGRE BRASILEIRO”!? O HUMOR PARODÍSTICO EM DISJUNÇÃO COM O DISCURSO DO DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA (DIP), NO CONTEXTO DA DITADURA CIVIL-MILITAR PÓS-1964
Autor(es): Rafael Menari Archanjo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Carnavalizao, Pardia, Estilo
Resumo

Este trabalho tem como proposta investigar as estratégias estilísticas e enunciativas do autor-criador construído por Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, na letra da canção Bié, Bié, Brasil (1980). A perspectiva analítica se alicerçará em parte do arcabouço teórico de Mikhail Bakhtin e Linda Hutcheon, em estudos sobre a carnavalização e a paródia. O plano de análise se apoia substancialmente à metodologia de revisão bibliográfica, acompanhada da aplicação de teoria analítica. A opção se justifica pelo corpus em exegese; embora o objeto de estudo situe-se abarcado pelo gênero canção – formado por letra e harmonia, as observações se restringirão ao artefato escrito. O exercício heurístico se justifica devido aos ecos discursivos do Estado totalitário instaurado com o golpe civil-militar de 1964, que ainda reverberam sentidos e estabelecem relações dialógicas interdiscursivas e intertextuais, com discursos de propaganda pró-militar, como os que têm sido amplificados nas redes sociais durante os últimos meses. Cita-se também o fato histórico das refrações do riso gerarem desconforto aos Estados e ideologias extremistas, como no exemplo do incidente recente que envolveu o periódico Charlie Hebdo. Composta durante os idos de 1970, sendo gravada somente em 1980, a canção “Bié, Bié, Brasil”, por meio de refrações do riso, carnavaliza os enunciados ufanistas decorrentes do discurso nacional-desenvolvimentista que foi fomentado desde a vigência do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) (1939-1945), passando pelos estratégicos Institutos de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS) (1961-1972), e que perdurou durante todo regime. Os discursos edificados por regimes de exceção ou pelas superestruturas se caracterizam como monofônicos e cristalizados, reforçando os sentidos de seu interesse ideológico. A política ostensiva imperativa impregna também o discurso, tornando-o recrudescido em suas marcas enunciativas. Em “Bié, Bié, Brasil” - o campo sêmico aberto pela paródia, enquanto estratégia de carnavalização, instaura o cômico sobre o sério, possibilitando a bivocalidade: a constituição de enunciados em oposição aos da ideologia oficial. A derrisão desconstrói os sentidos da propaganda ufanista, construindo, no seu jogo estilístico, um discurso antagônico ao discurso institucionalizado.