63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Interações fictivas enquanto estratégia comunicativa em sujeitos com agramatismo: um estudo de caso |
Autor(es): | Lou-Ann Kleppa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | interao fictiva, fala reduzida, tpico-comentrio |
Resumo |
Este estudo se insere na Neurolinguística discursivo-enunciativa e pretende apresentar o potencial comunicativo de interações fictivas em estruturas sintaticamente reduzidas produzidas por dois sujeitos com agramatismo. Os dados de MS e OJ foram coletados em situações de conversa espontânea e acredita-se que neste contexto interacional os sujeitos adaptem sua fala à condição afásica e ao interlocutor, explorando o conhecimento compartilhado entre eles através de esquemas interativos. O conceito de interação fictiva (fictive interaction) foi elaborado por Pascual em 2002 e desde então a autora e colegas vêm trabalhando com o fenômeno (que opõe-se a interação factiva) no sentido em que são trazidas vozes ao discurso que não correspondem necessariamente a discursos diretos reportados - como de fato se deram. Não se trata de discurso fictício ou imaginário, mas de demonstrar – ao invés de descrever – turnos conversacionais no âmbito do monólogo. Apesar de ser um fenômeno ainda pouco estudado, Pascual aponta, em seus trabalhos, para a abundância de interações fictivas nas línguas naturais. Na fala dos dois sujeitos examinada aqui, interações fictivas igualmente são recorrentes, mas, por serem proferidas por sujeitos afásicos, apresentam uma estrutura sintática peculiar. Na fala de OJ, percebe-se predominância de pares de pergunta e resposta, ao passo que na fala de MS há maior recorrência de discursos diretos enquadrados numa encenação que demonstra o seu querer-dizer. Nas interações fictivas de OJ, a pergunta do interlocutor é ecoada/ antecipada/ adivinhada e em seguida respondida. Nas interações fictivas de MS, uma cena é montada e situações dialógicas são encenadas para demonstrar uma resposta ao interlocutor. Em todo caso, o discurso direto presente nas interações fictivas metonimicamente desenha um cenário que o interlocutor reconhece e compreende. Segundo a Teoria da Adaptação, elaborada por Kolk e desenvolvida por vários autores, a fala agramática é caracterizada como uma fala que chamamos de reduzida, isto é, não-finita. Ademais, os dados apresentados aqui são sintaticamente estruturados em forma de tópico-comentário. Acredita-se que o sujeito com agramatismo não adapta sua fala apenas às suas capacidades reduzidas de performar operações sintáticas simultâneas, mas também adapta a sua fala pragmaticamente ao interlocutor. |