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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: REPRESENTAÇÃO DE PONTOS DE VISTA NA MÍDIA: DA REPORTAGEM AO ARTIGO DE OPINIÃO
Autor(es): Suzana Leite Cortez. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave PONTO DE VISTA, GNEROS DA MDIA , FORMAS NOMINAIS
Resumo

Considerando que a representação de pontos de vista na mídia é necessariamente marcada pela presença de enunciadores que têm suas posições (re)apresentadas, esta comunicação investiga comparativamente como essa representação se processa em dois gêneros da esfera midiática: reportagem e artigo de opinião. O interesse pela comparação destes gêneros dá-se não só pelo questionamento (CHARAUDEAU, 1997; AMOSSY, 2005; EMEDIATO, 2013) sobre a neutralidade atribuída a certos gêneros da comunicação midiática, mas também pela necessidade de questionar a distinção entre gêneros do narrar/informar e gêneros do expor/argumentar. Nesse sentido, partimos de uma abordagem enunciativo-interacional do ponto de vista (RABATEL, 2013), que focaliza a relação entre os enunciadores, a fim de analisarmos as formas nominais referenciais (KOCH, 2002) e os verbos introdutores de opinião (MARCUSCHI, 2007), como recursos linguísticos que atuam neste processamento de “colocar” a perspectiva de si e do outro no discurso. Ao analisarmos o corpus constituído de 11 reportagens e 8 artigos de opinião, extraídos de jornais e revistas de grande circulação no Brasil e reunidos sob um mesmo tema – a reação da presidenta Dilma frente aos EUA e seu posicionamento perante o escândalo de espionagem e quebra de sigilo que envolveu o governo americano em setembro de 2013, buscamos responder a seguinte questão: há diferenças linguístico-dicursivas na representação de pontos de vista que contribuem para diferenciar estes gêneros?   Para responder esta questão: i) analisamos as formas nominais anafóricas e predicativas; e os verbos de dizer, ação e percepção em articulação com os enunciadores; ii) observamos o uso dessas formas linguísticas através dos dispositivos de prise en charge e imputação. Os resultados de nossa análise indicam que: a distinção entre informar e opinar é marcada por fronteiras bastante fluidas, de vez que há reportagens que informam argumentando de forma velada ou explícita. Nas reportagens que argumentam de forma mais velada, o locutor-enunciador jornalista utiliza o ponto de vista do outro, consonante ou dissonante, para perspectivar os objetos de discurso. Neste tipo de reportagem, são mais comuns formas sinonímicas “neutralizadoras”, assim como verbos que, ao representar ponto de vista do outro, evidenciam maior grau de imputação, já que o locutor-enunciador jornalista usa este ponto de vista para ocultar-se. Em reportagens que argumentam de forma mais explícita, evidencia-se alta ou maior incidência de formas nominais avaliativas, tal como ocorre em artigos de opinião, em que o autor assume explicitamente sua posição por meio da prise en charge.