63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Expressões adjetivais e verbos suportes |
Autor(es): | Amanda dos Santos Carneiro. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024 |
Palavra-chave | expresso cristalizada, adjetivo, verbo suporte |
Resumo |
O presente trabalho propõe identificar as expressões adjetivais do português brasileiro que possam ocorrer com verbos-suportes, i.e., expressões cujo significado global não pode ser calculado a partir da soma das partes que a compõem (VALE, 2001) e que, tomadas como uma unidade, exercem na oração a função de adjetivo. Por exemplo, na ocorrência
o significado total da expressão ter o olho maior que a barriga não corresponde aos significados individuais dos seus componentes. Podemos dizer, entre outras razões, que esta seria uma expressão adjetival porque tal sequência adquire sentido na sua composição e atribui uma característica a Ana, uma vez que poderiamos ter a sentença Ana é gulosa como parafrase. Normalmente, expressões adjetivais ocorrem após um verbo copulativo como o ser (Zé é chave de cadeia). Entretanto, podemos notar que uma boa parte pode também ocorrer com um verbo-suporte, e outras somente com ele (como ter o olho maior que a barriga), mantendo sua função adjetival. Vejamos alguns exemplos: (1) a. Ana é pavio curto b. Ana tem pavio curto (2) a. Zé é (muito) cara de pau b. Zé teve a cara de pau de me ligar Em (1), a expressão ocorre tanto na posição pós-cópula como acompanhada do verbo suporte ter sem que haja mudança de significado ou de função. Já em (2), a mesma sentença parece assumer funções diferentes se colocada com um verbo copulativo ou um verbo suporte. Enquanto em (2a) a expressão é adjetival, em (2b) a mesma unidade assume o papel de um substantivo predicativo. Nesse caso, teriamos duas expressões distintas: cara de pau e ter a cara de pau (de)? É exatamente essa delimitação que nos propomos a realizar: investigar se há expressões adjetivais que são construídas com verbo-suporte ou se esses apenas compõem sentenças com essas expressões. Nos baseamos, então, na perspectiva teórico-metodológica do Léxico-Gramática (GROSS, 1975, 1981) que prevê um modelo de matriz binária aonde é especificada as propriedades distribucionais analisadas. Nesse quadro teórico, as entradas lexicais são as frases elementares, assim cada item lexical possui a sua própria gramática. O resultado desse estudo pode contribuir para a identificação dessas expressões e, portanto, enriquecer a descrição do léxico que é tão necessária para diferentes finalidades como o ensino de línguas estrangeiras, o estudo de linguagem de especialidade e o processamento de língua natural (PLN). |