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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: COLONIALIDADE DO SABER E POLÍTICAS LINGUÍSTICAS: A LITERATURA COMO LEGITIMAÇÃO DE SABERES LOCAIS ENTRE LÍNGUAS
Autor(es): Jorge Rodrigues de Souza Junior. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Polticas Lingusticas, Saberes Locais, Colonialidade do saber
Resumo

Em relação ao espaço de enunciação (GUIMARAES, 2002) designado como América Latina, o processo de homogeneização de identidades e de saberes diversos realizado sob a representação da latinidade, esta última pautada, sobretudo, pelas noções de hispanidade e/ou de hispanofonia, tendo como base a língua espanhola, possui como produto o apagamento das diversas línguas e culturas do continente, que escapam a esta homogeneização. Mignolo (2003a), a partir do imaginário de hemisfério ocidental, mobiliza um conceito que se contrapõe a esse imaginário, para descrever as contradições sociais e políticas que fragilizam esse processo de homogeneização, o pensamento fronteiriço. Na fronteira entre saberes locais e saberes globais – estes últimos realizados sob o caráter da colonialidade do saber, este sendo produto direto de mecanismos de colonização e de produção de saberes realizados desde os centros dominantes do capitalismo –, políticas linguísticas levadas a cabo pelas recém-criadas nações do continente propuseram uma ideologia nacional monolíngue, associando a nação a uma língua única, pura e sem contradições, visando reproduzir nas novas nações os ideais civilizatórios europeus.   Nosso objetivo é partir desta discussão ao propor um debate, pautado pela Análise do Discurso materialista, pela História das Ideias Linguísticas e pelos Estudos Culturais, sobre materialidades discursivo-culturais, sobretudo a literatura, a partir das proposições de Mignolo (idem) de pensamento fronteiriço e de uma política linguística que realce as línguas e os saberes e sentidos locais, estes silenciados por um processo de criação de práticas literárias e políticas na formação de um cânone nacional vinculado a um projeto político de nação – que visou unicamente reproduzir nas ex-colônias saberes coloniais valorizados pela metrópole. A língua espanhola se sobressaiu, neste contexto, sobre a diferença colonial, ao se mimetizar como língua nacional em grande parte das novas nações latino-americanas, construindo um espaço homogêneo de discursos que sustentavam o que se legitimou como literatura e história. Pretendemos, a partir do objetivo apontado, legitimar materialidades discursivo-culturais produzidas desde o pensamento fronteiriço como material para reflexões sobre problemas humanos e históricos, permeados de saberes e conhecimentos locais vinculados a diferentes línguas e culturas, alçando a literatura ao status de historiografia.