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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: RELAÇÕES ENTRE LINGUA DE IMIGRAÇÃO E ESCOLA: LEMBRANÇAS DE DIFERENTES GERAÇÕES
Autor(es): martha regina maas. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Escolarizao, Prticas de linguagem, Lngua de imigrao
Resumo

Os processos de composição do cenário sociolinguístico brasileiro, com olhar especialmente voltado à região Sul, foram e ainda são movimentos complexos e multifacetados. A história se apresenta marcada por diversos acontecimentos que envolvem fatores sociais, políticos e ideológicos. No contexto específico da presente pesquisa, atenta-se às ações relacionadas à busca pelo reconhecimento das diversas formas de expressões linguísticas e culturais, especialmente no que diz respeito a grupos minoritarizados. Tem-se como objetivo, para esta comunicação, discutir dados parciais de uma pesquisa de caráter qualitativo e interpretativista que visa a compreender as relações existentes entre escolarização e práticas de linguagem para três diferentes gerações falantes da língua alemã, aqui concebida como uma língua brasileira de imigração. Quanto à metodologia, foram realizadas entrevistas com os sujeitos a fim de que eles pudessem falar acerca de suas vivências na escola, especialmente em relação à língua do seu grupo social. Os excertos utilizados para este trabalho foram transcritos e analisados a partir da concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin em interlocução com as compreensões linguísticas e sociais da Linguística Aplicada e dos Novos Estudos do Letramento. Os resultados preliminares apontam semelhanças e divergências entre duas gerações entrevistadas: ambas aprenderam o alemão como primeira língua, porém os pais, que passaram por seu período de escolarização nas décadas de 70 e 80, não tiveram acesso ao aprendizado formal da língua alemã. Para estes sujeitos, as exigências em relação ao aprendizado institucional da língua portuguesa fazem parte de lembranças negativas em relação à escola. Já a geração seguinte da família, que iniciou seu processo de escolarização na educação infantil, com aulas semanais de língua alemã, apresenta predominância de uso da língua portuguesa em suas interações e situações de comunicação dentro e fora da escola. A partir dos dizeres dos sujeitos da pesquisa, reflete-se acerca do destaque que as agências de letramento extraescolares tiveram e ainda têm nas suas trajetórias e relações com a língua alemã, pois os pais que não puderam estudá-la na educação formal continuaram a utilizá-la nas demais interações em outras esferas sociais. Por sua vez, os filhos que têm aulas semanais voltadas à língua de imigração não a utilizam mais em seus demais âmbitos de interação social. Neste sentido, reconhece-se a necessidade de se pensar, com mais profundidade, a maneira como são contempladas atualmente, nos currículos, espaços e tempos escolares, as línguas de imigração ainda presentes em diferentes contextos brasileiros.