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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Estratégias tradutórias no romance Musashi em português
Autor(es): Rita Deheinzelin Kohl de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Teoria da traduo, Literatura Japonesa, Miyamoto Musashi
Resumo

 O romance Miyamoto Musashi, escrito por Eiji Yoshikawa na década de 1930, retrata de forma romanceada a vida do samurai Musashi, personagem histórico do século XVI, e é um dos livros mais vendidos na história japonesa. Traduzido para o português por Leiko Gotoda em 1999, ele se tornou um best-seller também no Brasil, e pode ser considerado um precursor do aumento de traduções diretas da literatura japonesa que observamos nos últimos quinze anos. Entretanto, estudos sobre a tradução literária do japonês ainda são escassos no Brasil, e Miyamoto Musashi, considerada uma obra da literatura popular, não tem recebido atenção em estudos acadêmicos.

Conforme discutido por diversos teóricos da área de estudos de tradução, notavelmente Lefevere (1992) e Toury (1995), qualquer tradução literária será influenciada e marcada por diversos fatores – não apenas as escolhas do tradutor, mas também a norma tradutória e a poética vigentes na cultura de destino, entre muitos outros. Porém, essas marcas costumam ser encobertas e tendem a ser recebidas pelos leitores como características do original, uma expressão de seu autor e cultura. O presente trabalho visa observar algumas das estratégias tradutórias utilizadas na tradução de Miyamoto Musashi para o português, e analisar como elas podem refletir não apenas a postura e interpretação da tradutora, mas também o contexto da cultura de destino, limitações impostas pela língua de destino, normas literárias e posturas editoriais. Argumentamos que não é produtivo analisar a obra apenas sob o viés de uma dicotomia entre tradução estrangeirizadora e domesticadora (Venuti 1995), pois ambas as posturas podem ser observadas nas diversas estratégias empregadas, criando um equilíbrio complexo.

Estas transformações e marcas são inevitáveis em qualquer tradução e não se trata, portanto, de criticá-las, mas sim de tentar trazê-las à luz, ressaltando a posição da obra como tradução e o papel do tradutor como um agente ativo. No momento atual, em que está se estabelecendo um cânone de literatura japonesa traduzida no Brasil, é fundamental considerarmos não apenas aquilo que é perdido na tradução, mas também o que é criado, isto é, como os diversos fatores envolvidos no processo de tradução influem na criação de uma nova obra e de sua recepção em um novo contexto cultural.