63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Proposições factuais, contrafactuais e potenciais: parametrização de tempo verbal subjuntivo? |
Autor(es): | Graziela Jacques Prestes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | contrafactualidade, parmetros de hipoteticidade, pretrito imperfeito do subjuntivo |
Resumo |
Frankfurt (2007) questiona o quanto de verdade sabemos sobre as realidades para formularmos e alcançarmos nossos objetivos de maneira, socialmente, inteligente. O presente trabalho busca acomodar os conceitos de real e factual para uma possível delimitação, na Linguística, dos parâmetros de hipoteticidade factual, contrafactual e potencial (Harris, 2009), especialmente aqueles expressos por um tempo verbal da língua portuguesa, o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo (PIS). Em Prestes (2003), verificamos que o PIS pode expressar factualidade, uma proposição tomada como factual pelo falante (“embora se tratasse dos seus próprios vinhos, foi o mais rigoroso dos provadores”); contrafactualidade, uma proposição cuja inferência é a negação de outra proposição (“Fosse brasileiro, Gabriel Garcia Márquez não precisaria ser ficcionista para desenvolver o seu formidável realismo mágico”); e potencialidade, uma proposição que expressa a possibilidade de algo ocorrer ou não (“Gostaria de escrever algo que pudesse dar um mínimo de consolo a Paulo Paixão”). Enquanto em Prestes (2003) estudamos a relação entre esses conteúdos proposicionais e as indicações de tempo passado, presente e futuro do PIS; na pesquisa de doutorado em andamento, os esforços concentram-se, com base em um corpus de língua escrita, composto por textos extraídos do jornal Folha de São Paulo, no período de uma semana, em delimitar, para a Linguística, uma epistemologia desses fenômenos, com base, sobretudo, em Chierchia (2003), Harris (2009), Comrie (2009) e König (2009). Em Prestes (2011 e 2012), avançamos na compreensão das contrafactuais, que, segundo Bunge (2010), podem caracterizar-se como nômicas e anômicas. Estas contêm duas inferências; aquelas, apenas uma inferência. Vejamos, respectivamente, exemplos: a) em “Se tivesse, porém, de dizer qual deles mais me enternece, escolheria o primogênito”, produz-se não somente a inferência “não tenho de dizer”, mas também “estou dizendo”; b) já em “Se não fosse pelos cartazes lituanos, ninguém diria que era um bar da colônia”, produz-se apenas uma inferência “é pelos cartazes lituanos”. Nossa pesquisa em curso debruça-se sobre a conceitualização, a delimitação e a aplicabilidade desses parâmetros de hipotetidade factual, contrafactual e potencial. Vieira (2003), Meireles (2003) e Ferrari (2000) compreendem a contrafactualidade como um fenômeno cognitivo. Nesta pesquisa, tentamos verificar se estamos ou não diante de um parâmetro que, aliado a outros (como, por exemplo, aspecto e tempo), organiza o funcionamento do PIS. (Apoio: CAPES - 2012 a 2014)
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