63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Três classes de oração de gerúndio em português brasileiro |
Autor(es): | Suzana Fong. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024 |
Palavra-chave | gerndio, complemento oracional, orao no-finita |
Resumo |
Em português brasileiro, orações de gerúndio (OGs) podem ser o complemento de diferentes predicados. 1. O João preferiu [a Maria cantando]. (desiderativo) 2. O João imaginou [a Maria cantando]. (proposicional) 3. O João ouviu [a Maria cantando]. (perceptual) OGs apresentam comportamento distinto sintática e semanticamente. Apesar disso, as OGs se agrupam quase sistematicamente. OGs proposicionais e desiderativas, mas não perceptuais, permitem predicado individual level (ILP) e negação. OGs proposicionais e as perceptuais, mas não desiderativas permitem sujeito anafórico, escopo invertido e alçamento para a posição de sujeito-matriz. O objetivo é explicar esse comportamento de modo que construções de gerúndio sejam apenas termos taxonômicos e não primitivos da gramática do PB. Para isso, assumo que ILPs e negação são propriedades relacionadas a TP e que domínios sintáticos (por ex., para ligação, deslocamento de quantificador QR e Caso) são uniformemente fases. Proponho que as OGs se dividem em três classes e que a diferença é em tamanho relativo. 1’. [CP [TP suj [AspP –ndo [vP]]]] (OG desiderativa) 2’. [TP suj [AspP –ndo [vP]]]] (OG proposicional) 3’. [AspP suj –ndo [vP]]]] (OG perceptual) OGs desiderativas seriam CPs. Como CP implica TP, ficam capturadas as possibilidades de ILP e negação. Como CPs são fases, a OG é domínio para ligação, QR e Caso, capturando a impossibilidade desses processos interagirem com elementos da oração-matriz. OGs perceptuais seriam AspPs. A ausência de TP captura a impossibilidade de ILP e negação. AspP não sendo uma fase, o domínio de ligação, QR e Caso precisa ser definido por uma fase acima da OG. OGs proposicionais seriam a classe intermediária. Junto com as desiderativas, possuem TP, se comportando como elas por permitirem ILP, indefinido interpretado genericamente e negação. Porém, não sendo fases, se comportam como OGs perceptuais quanto a ligação, QR e Caso: podem se relacionar com um elemento fora da OG. As três classes de OG propostas são termos taxonômicos porque a construção de cada uma depende apenas de recursos independentemente disponíveis em sistemas computacionais de línguas naturais (por ex., mecanismos sintáticos, condições de legibilidade impostas pelos níveis de interface, mapeamento sintaxe-semântica etc), em oposição a regras de construção específicas. |