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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Considerações acerca do termo estrangeirismo ou por que esse é um conceito inadequado
Autor(es): Vito Cesar de Oliveira Manzolillo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave emprstimo, estrangeirismo, neologismo
Resumo

É comum que, no âmbito dos estudos lexicológicos, os autores costumem estabelecer uma distinção entre empréstimo e estrangeirismo. Ligada, muitas vezes, a uma forma passadista, parcial e preconceituosa de considerar a questão das influências linguístico-culturais que uma língua exerce em outra, essa última designação se encontrava – em muitos casos ainda se encontra – identificada com a noção de vício de linguagem. No entanto, o fato de um item lexical alienígena ainda apresentar características que remetam ao idioma de origem em nada atrapalha a circulação e a integração dessa unidade léxica no novo ambiente. Assim, em português brasileiro, uma palavra como pizza, que ainda mantém a grafia do italiano, já se encontra registrada em dicionários monolíngues do português e já ampliou suas possibilidades expressivas, sendo empregada também, por exemplo, com o sentido de “mancha de suor localizada embaixo do braço das pessoas”. De modo análogo, um item lexical como show, além de já aparecer em dicionários referentes ao português e de já ter expandido suas possibilidades expressivas (Ela deu o maior show diante de todos, por exemplo), já participa da formação de novas palavras por meio de processos como derivação (pré-show, pós-show, showzaço e showzinho), composição (casa de shows) e cruzamento vocabular (showmício). Além disso, como afirmam Garcez e Zilles (200: 17-9), “ao se qualificar um empréstimo como estrangeirismo, há uma suspeita sobre a legitimidade do elemento linguístico. (...) Em sua essência como objetos linguísticos, no entanto, não é razoável tratá-los como diferentes dos que vieram antes, já que todos são frutos do contato linguístico”. Pensando bem, tanto bambu, bife, bonde, futebol, jaleco, piano, robô e sauna quanto download, hacker, ombudsman, pizzaiolo, shiatsu, short, skinhead e sushi, relativamente ao português brasileiro, cumprem a mesma função e desempenham idêntico papel, isto é, oferecem aos falantes dessa língua a possibilidade de expressão de novas realidades. Assim, o que se defende aqui é que um procedimento mais coerente seja adotado, considerando a existência de duas categorias de empréstimo: os adaptados e os não adaptados. Por meio de investigação bibliográfica (cf. Guilbert, 1975; Alves, 2007 e Borba, 2003), pretende-se realizar uma reflexão sobre a incongruência dessa distinção.