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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Cognição, variação e uso: uma abordagem a partir da Teoria dos Sistemas Complexos
Autor(es): William Pickering. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave sistemas complexos, lingustica cognitiva, variao sociolingustica
Resumo

Este trabalho examina a relação entre a cognição e a variação sociolinguística à luz da Teoria dos Sistemas Complexos. Argumentaremos que o conceito de “cognição sinergética”, proposto por Bernárdez no âmbito da Linguística Cognitiva, é compatível com as ideias de Larsen-Freeman & Cameron, para os quais a variação é inerente às línguas (entendidas aqui como sistemas complexos adaptativos). Com base nas propostas dos mencionados autores e na perspectiva da Teoria dos Sistemas Complexos, argumentaremos ainda que a variação cognitiva e a variação sociolinguística são fatores necessários para a manutenção da estabilidade de sistemas linguísticos, bem como para a sua capacidade de mudança. Os autores considerados aqui adotam a abordagem funcionalista “baseada no uso”, segundo a qual, nas palavras de Bernárdez (2008, p. 143), “A variação é a consequência inevitável do uso”. Bernárdez critica a Linguística Cognitiva por focalizar demasiadamente a cognição individual, entendida como processo que ocorre dentro do cérebro do falante individual. Em vez disso, ele propõe que fenômenos estudados na Linguística Cognitiva, como a metonímia e a metáfora, devem ser entendidos como produto da interação coletiva. Utilizando a noção de conhecimento distribuído, encontrada na literatura sobre sistemas complexos, Bernárdez propõe o conceito de “cognição sinergética” – um processo social pelo qual as formas cognitivas emergem de maneira descentralizada, por meio de auto-organização. A dependência do desenrolar deste processo em contextos sociais específicos permite a possibilidade do surgimento de variação tipológica e sociolinguística. Larsen-Freeman & Cameron também utilizam a Teoria dos Sistemas Complexos em sua hipótese segundo a qual as línguas podem ser entendidas como sistemas adaptativos complexos que surgem, tanto no nível
histórico coletivo quanto no individual, por meio de auto-organização. Para esses autores, a variação entre as unidades interativas que compõem um sistema complexo é característica inerente de tais sistemas. Assim, a variação linguística entre os indivíduos não pode ser ignorada ou tratada somente em termos de denominadores comuns, quando se almeja entender sistemas linguísticos e a aprendizagem de línguas. Na conclusão do presente trabalho, utilizaremos o conceito de variação provindo da Teoria dos Sistemas Complexos para mostrar que as propostas de Bernárdez e    Larsen-Freeman & Cameron não são apenas coerentes entre si, mas que, a partir da perspectiva da complexidade, a variação é fator essencial na estabilidade das línguas e na sua capacidade para mudança. As implicações dessas ideias para a teoria e metodologia linguística também serão brevemente abordadas.

(Apoio: FAPESP - Processo 13/11525-7)