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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O corpo em movimento: um estudo neurolinguístico sobre a relacao afasia-apraxia
Autor(es): Reynaldo Otero da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave afasia, apraxia, corpo
Resumo

Introdução: Os processos humanos de significação se dão tanto por signos verbais, quanto por signos não-verbais (gestos, expressões fisionômicas, desenhos, dentre outros). As lesões cerebrais impactam esses sistemas de maneiras diferentes, não só em função de seu local e extensão, mas também em função de processos subjetivos, como a relação do sujeito com a linguagem e com sua afasia. AN – afásico com 44 anos de idade, destro, com lesões bilaterais que afetam tanto os sistemas motores, quanto os sistemas linguístico-cognitivos – apresenta uma apraxia severa, também bilateral. Este estudo dá visibilidade ao desenvolvimento da linguagem do corpo, para enfrentar as dificuldades de produção de linguagem verbal, processo que se torna vital em um caso severo como o de AN. Objetivo: Relatar e discutir uma experiência com o sujeito afásico AN que, além da severa dificuldade de produção verbal, também apresenta um quadro de apraxia bilateral. O trabalho visa contribuir para o estudo da relação entre a linguagem verbal e a não-verbal nos processos alternativos de significação e tem implicações para os acompanhamentos terapêuticos com sujeitos afásicos. Aspectos metodológicos: serão apresentados recortes de cenas enunciativas desenvolvidas com o sujeito AN no Centro de Convivência de Afásicos. As atividades foram videogravadas e analisadas qualitativamente, orientadas pelo paradigma microgenético. Discussão: Até o momento, as atividades com AN privilegiaram a dança e já mostraram novas possibilidades do trabalho, produtivas para  o desenvolvimento de processos de significação não-verbais. Ao atuar sobre a autoestima do sujeito e valorizar as narrativas que estão “memorizadas” em seu corpo, ele se torna (co)responsável pelo processo terapêutico. Mesmo com a presença de alguns movimentos espásticos – efeitos da lesão sobre áreas motoras do cérebro – foi possível perceber que AN não só acompanhou a coreografia que lhe foi sugerida, mas também ocupou o lugar de protagonista, subvertendo a proposta e levando o pesquisador a segui-la, o que revela de modo significativo a subjetividade no processo. Tais atividades efetivas de uso da “linguagem do corpo” ampliam as possibilidades comunicativas e sociais do sujeito. Trata-se de dar a ele um “empoderamento”, para que se sinta apto para voltar a frequentar alguns de seus círculos sociais (dos quais se afastou por conta da afasia), assim como para passar a frequentar outros, situações que o envolvem tanto na negociação de sentidos quanto lhe dão um novo sentido para a vida.