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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A língua alemã em duas comunidades rurais de Blumenau, SC
Autor(es): Rafaela Sieves. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Lngua Alem, Usos lingusticos, Imigrao
Resumo

Em vários momentos da história do Brasil se impôs uma política linguística monocultural e monolíngue, traduzida pela ideia de “uma língua, uma nação”. Entre as tentativas de silenciamento linguístico no país, podem-se citar as Campanhas de Nacionalização do Ensino. No Vale do Itajaí, SC, até a década de 1940, o alemão era a língua de interação social e legitimada por meio de práticas de leitura e de escrita que tinham lugar na escola, na imprensa, na esfera religiosa. Mesmo com a imposição de uma única língua, a língua portuguesa, o idioma alemão ainda permanece nessa região e em várias outras do país. Nesta comunicação, pretende-se socializar dados de uma pesquisa realizada em duas comunidades rurais de Blumenau, SC, que teve como objetivo verificar se a língua alemã, como língua de herança, ainda está presente em práticas sociais e em quais contextos de uso. A pesquisa, inserida na área da Linguística Aplicada, foi realizada em duas localidades da região norte do município (aqui denominadas de A e B), a partir das escolas nelas inseridas. Como instrumentos, foram utilizados dois questionários sociolinguísticos, ambos com perguntas abertas e fechadas, aplicados a alunos do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) e suas respectivas famílias. Como resultado, constata-se que na escola A 64,9% dos alunos falam alemão e português, enquanto na escola B 60,7%. Com referência aos domínios de uso do idioma, 37,5% das famílias da comunidade A indicaram falar alemão ao lado do português; esse número é menor do que na comunidade B, que alcançou 66,7%. No contexto social, observa-se que a língua alemã é mais utilizada em conversas entre amigos e na esfera religiosa do que em lugares públicos e no trabalho, em que as pessoas indicaram preferir usar a língua portuguesa. Com base nesses dados, constata-se que a língua alemã continua presente nesses grupos sociais e se mantém como língua de interação em muitas famílias. Seria necessário dar continuidade à pesquisa, a fim de se saber mais sobre esses usos linguísticos da língua alemã e sua relação com as práticas escolares. Espera-se que esta pesquisa contribua para aprofundar os conhecimentos relativos ao cenário plurilíngue do Vale do Itajaí, além de ampliar as discussões acerca das políticas de educação linguística locais e sua relação com a formação de professores e os direitos de grupos de línguas minoritárias.